quinta-feira, 16 de julho de 2015

Prédios históricos: Associação Comercial de São Paulo e o Colar Carlos de Souza Nazareth

A Associação Comercial de São Paulo (ACSP) é uma entidade de classe que foi fundada em 1894 por um grupo de empresários paulistas liderados por Proost Rodovalho. É considerada a voz do empreendedor paulistano.
Segundo o próprio site, a associação conta atualmente com 15 distritais espalhadas pela cidade responsáveis por manter os associados informados sobre duas atuações e serviços.

Inicialmente com o nome de Associação Comercial e Agrícola de São Paulo, ficou muitos anos, contudo, sem sede própria.

A ideia de construir uma sede surgiu em 1936, na gestão do diretor da entidade Alfredo Aranha de Miranda que, ao ver que várias capitais brasileiras já possuíam sedes para suas associações comerciais, encaminhou, em 1936 um pedido à Assembléia Legislativa de São Paulo. Esta propôs a utilização de um terreno que havia sido concedido à Fazenda para instalação do Serviço Técnico do Café, mas que estava desocupado.

E foi assim que, em 25 de janeiro de 1939 o futuro prédio já era notícia de jornais que informavam, com pompa, o lançamento de sua pedra fundamental. A imagem mostrada naquele dia ainda era a do projeto, vencedor dentre três apresentados.
O prédio da sede da Associação Comercial de São Paulo conta 15 andares (era bem alto para a época) e está localizado no coração de São Paulo, na Rua Boa Vista nº 51, ao lado do viaduto homônimo, de onde também é facilmente avistado.
Dos 15 andares, 13 estão abaixo do nível do Viaduto Boa Vista e 12 acima. A execução das obras ficou a cargo dos engenheiros Lindenberg, Alves & Assumpção.

Prédio da Associação Comercial de São Paulo
Detalhe da fachada
Prédio visto a partir do Viaduto Boa Vista
Rua Boa Vista e detalhe do Impostômetro
Detalhe da fachada de entrada do prédio
Identificação do prédio com brasão na entrada
Detalhe do brasão da ACSP
Na fachada lateral do edifício, voltada para o Viaduto, está seu detalhe mais conhecido. Lá funciona um painel eletrônico que informa em tempo real quanto os brasileiros pagam de impostos, segundo a segundo e é ponto de parada dos transeuntes, sempre admirados com os números.


Painel eletrônico - o Impostômetro da ACSP

Os números não param. No momento da publicação deste post
o valor dos impostos pagos no país já superou um trilhão e reais.

O Impostômetro e sua metodologia

O Impostômetro foi instalado em 20 e abril de 2005 e funciona ininterruptamente desde então.

“O Impostômetro considera todos os valores arrecadados pelas três esferas de governo a título de tributos: impostos, taxas e contribuições, incluindo as multas, juros e correção monetária”.

“Para o levantamento das arrecadações federais a base de dados utilizada é a Receita Federal Brasil, Secretaria do Tesouro Nacional, Caixa Econômica Federal, Tribunal de Contas da União, e IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. As receitas dos estados e do Distrito Federal são apuradas com base nos dados do CONFAZ – Conselho Nacional de Política Fazendária, das Secretarias Estaduais de Fazenda, Tribunais de Contas dos Estados e Secretaria do Tesouro Nacional do Ministério da Fazenda. As arrecadações municipais são obtidas através dos dados da Secretaria do Tesouro Nacional, dos municípios que divulgam seus números em atenção à Lei de Responsabilidade Fiscal, dos Tribunais de Contas dos Estados”.


Colar Carlos de Souza Nazareth

Desde o ano de 2002, o Conselho Cívico e Cultural da Associação Comercial de São Paulo incluiu a instituição de uma honraria destinada a homenagear pessoas físicas ou jurídicas que se destaquem pela prática de ações cívicas relevantes para o bem da sociedade.
Por unanimidade, deliberou-se que a honraria seria na forma de Colar e levaria o nome de Carlos de Souza Nazareth, líder paulista histórico, que, aos 33 anos de idade, foi presidente da Associação Comercial de São Paulo, justamente quando eclodiu o Movimento Constitucionalista de 1932. A medalha é entregue no dia 16 de julho, Dia do Comerciante.

Neste ano de 2015 a ACSP homenageou os 83 anos dos heróis da Revolução de 1932 outorgando o colar a Mario Fonseca Ventura, coronel da Polícia Militar e presidente da Sociedade de Veteranos de 32/MMDC, ao município de Buri, “cidade mártir de 32” e a Fernando Capez, presidente da Assembléia Legislativa de São Paulo. A solenidade ocorreu no interior do Monumento-Mausoléu aos heróis de 32 e as fotos que vi mostram um colar amarelo com bordas vermelhas e uma medalha dourada de quatro pontas com um busto central, numa base circular vermelha.

Carlos de Souza Nazareth participou ativamente durante todo período da Revolução Constitucionalista de 32, propiciando, pela sua eficiência e valor pessoal, um excelente sistema de suprimentos e apoio logístico ao Exército Constitucionalista, fato que auxiliou na resistência aos ataques governistas.

Com a derrota militar paulista, Carlos de Souza Nazareth foi preso e deportado para Portugal como os demais líderes da Revolução. Retornou ao Brasil com a volta do regime constitucional e foi eleito deputado da Assembléia Legislativa de São Paulo, cargo que ocupou até o retorno da ditadura de Vargas em 1937. Carlos de Souza Nazareth faleceu em 28 de março de 1951, aos 52 anos de idade.

Falamos de um prédio antigo e simples mas repleto de história e vida. Um símbolo de São Paulo.

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