segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

A cripta: o grande detalhe da Catedral Metropolitana da Sé



No último post deste ano vou, por fim, sugerir um local para oração e meditação. Sem dia ou hora marcada, não me refiro a uma igreja qualquer. É a Catedral da Sé em sua majestade e por inteiro, dentro do possível.

Sobre sua história, sabe-se que a construção da primeira igreja da cidade, já nesse local, foi em 1591, num terreno escolhido pelo cacique Tibiriçá. A obra era feita em barro e palha socados (taipa) e assim ficou até 1754, quando foi demolida para dar lugar à Catedral da Sé, concluída em 1764.
Fachada da Catedral da Sé com árvore de Natal ao fundo
A vontade do Arcebispo de São Paulo, Dom Duarte Leopoldo e Silva e a colaboração de paulistas A vontade do Arcebispo de São Paulo, Dom Duarte Leopoldo e Silva e a colaboração de paulistas ilustres para terem uma igreja mais condizente com a cidade fez com que em janeiro de 1912 a igreja fosse novamente demolida para dar espaço ao alargamento da Praça da Sé e à versão atual da Catedral e maior igreja de São Paulo. Após longo tempo, em 1954, a Catedral Metropolitana Nossa Senhora Assunção e São Paulo, Catedral da Sé, foi oficialmente inaugurada por ocasião das comemorações do 4º Centenário da Cidade de São Paulo, ainda sem as duas torres principais.

Embora seja muito visitada e um dos cartões postais da cidade, a sua bela e conservada cripta ainda é pouco conhecida. É relatado que recebe semanalmente ao redor de 100 visitantes enquanto que a Catedral recebe cerca de 5mil visitantes por dia.

Ela foi construída e inaugurada bem antes da Catedral, no ano de 1919, está aberta à visitação mediante agendamento e é sobre ela que quero falar hoje.

A cripta localiza-se exatamente abaixo do altar-mor da Catedral da Sé, situada na Praça da Sé, local do marco zero de São Paulo. Para agendar a visita basta ir até a secretaria da igreja e no máximo em 30 minutos um guia virá buscar você. O guia atual, o atencioso, bilíngue e muito preparado Marcelo, está lá há um ano, e promete visitas cada vez melhores.                                                  
                                                Para entrar descemos uma escadaria do lado esquerdo da igreja,
Entrada da cripta
sendo que há duas entradas iguais, uma de cada lado do altar-mor. O Marcelo abriu uma corrente com cadeado e a seguir a porta e contou que antigamente a cripta não era fechada, mas o vandalismo e pichação de esculturas exigiram essa medida.

É maravilhosa a vista da cripta quando as portas se abrem! É como uma mini-catedral subterrânea, mais colorida, rica e detalhada. Foi projetada, bem como o resto da Catedral, em estilo neogótico pelo professor de Arquitetura da Escola Politécnica, o alemão Maximilian Emil Hehl, com materiais vindos da Itália. 

A cripta mede 619 metros quadrados, tem 7 metros de pé direito e comporta 56 assentos. O piso é todo em mármore de Carrara branco e preto e o teto tem seus arcos decorados com pequenos tijolos, no mesmo estilo da Catedral “lá em cima”. As colunas, que eram de concreto, por apresentarem rachaduras devido ao intenso som foram substituídas por colunas de granito brasileiro.

Visão geral da cripta ao entrar
Detalhe do teto com arcos e tijolos
Altar da cripta
Vista parcial dos assentos vermelhos
 A cripta possui ao seu redor trinta câmaras mortuárias destinadas a guardar os restos mortais de bispos e arcebispos de São Paulo, nem todos ocupados, na verdade, 14 estão vagos. Lá estão os restos mortais de Dom Duarte e do primeiro bispo de São Paulo, Dom Bernardo Rodrigues. Na cripta estão também, em mausoléus em bronze de personalidades históricas. O cacique Tibiriçá, primeiro cidadão de São Paulo de Piratininga e um dos primeiros índios a ser catequizado pelos jesuítas, e o padre Feijó, Regente do Império.

Vista lateral do mausoléu a Tibiriçá
Câmaras mortuárias de bispos

 Encontra-se, ainda parte dos restos mortais do padre Bartolomeu Lourenço de Gusmão, que inventou o balão, chamado de passarola.

Padre Bartolomeu de Gusmão

São Jerônimo, de Francisco Leopoldo

Restos de vandalismo   
Jó, de Francisco Leopoldo
 Caminhando mais para a direção do altar observa-se que no centro das duas laterais da cripta se encontram duas esculturas em mármore, trabalhos artísticos doados pelo escultor Francisco Leopoldo, irmão do Arcebispo Dom Duarte. De um lado está a escultura Jô, o afligido do Senhor, e do outro, São Jerônimo.

Há também A Primeira Exposição Brasileira sobre o Santo Sudário com uma réplica do Santo Sudário e exposição de réplicas de objetos utilizados para a tortura de Jesus Cristo.

Ao fundo, local da exposição Santo Sudário
Olhando para a saída
 A visita havia terminado, não sem antes dar uma última olhada nesse verdadeiro esconderijo religioso.

Detalhes: quando disse que a Catedral pode ser visitada dentro do possível referi-me à possibilidade de visita às torres que, por razões de segurança, não podem ser vistas no momento. Outro espaço escondido na Catedral são as suas colunas, que na verdade são ocas e interligam espaços subterrâneos que se comunicam, mas isso são histórias para leitura apenas.

Informações: As visitas à cripta da Catedral da Sé ocorrem atualmente às segundas, quartas, quintas e sextas-feiras a partir das 9 horas. O valor é de R$ 5,00 por pessoa.

O telefone para informações (que funciona!) é: (11) 3107-6832 e o site com mais informações é www.catedraldase.org.br, onde você pode fazer um discreto tour virtual.

Detalhe de interesse: todas as sextas-feiras às 9 horas há missa na cripta, aberta à população.

Vamos agradecer pelos bons momentos de 2014 e por ter “sobrevivido” aos maus momentos?






Parque do Ibirapuera fecha pela primeira vez por queda de árvores

Ontem à noite, dia 28 de dezembro de 2014 fazia muito calor e ocorreu uma grande tempestade na cidade, principalmente na zona sul de São Paulo. As rajadas de vento foram muito fortes, com ventania de até 96,3 km/hora, o que, segundo as notícias da meteorologia são rajadas muito intensas, sendo fortes acima de 54 km/hora.

Este post será mais curto, pois houve queda de energia por mais de 16 horas e está ameaçando nova chuva. 

O que quero contar é sobre a notícia reportada no jornal o Estadão sobre o fechamento hoje do Parque do Ibirapuera, pois é a primeira vez que isso ocorre pela queda de árvores.

Fui até lá para ver como estava a situação e encontrei funcionários preocupados com a agilização da retirada de grandes árvores que caíram ou simplesmente foram arrancadas do chão. Ainda há a possibilidade de abertura no final da tarde, mas, pelo que pude observar, alguns portões tem a área visivelmente mais comprometida e talvez esse entorno permaneça interditado. Há problemas também com semáforos da região e falta de fornecimento de energia elétrica.


Outro fato é que as avenidas do entorno do parque, como a República do Líbano, estão com parte da via interditada por queda de árvores, muitos galhos e até tombamento de poste. 

Vou mostrar algumas fotos que fiz dos portões do Parque do Ibirapuera fechados, fato inédito, e também de “estragos” que vi em meu caminho pelos bairros.

Também pude ver a decepção de paulistanos em férias recebendo a informação sobre a proibição da entrada no Parque e outros, sem opção de lazer naquele momento,brincado, lendo, descansando e com a esperança da reabertura.

Árvore caída em frente ao Portão 7
 
Árvore arrancada pela raiz
Detalhe da árvore no Viveiro Manequinho
Vista do lago: sem ninguém
Serviço público em ação

Portões 1 e 2 fechados
Portões 3 e 4 fechados
Portões 3 e 4 com visitante recebendo informações
Crianças brincam do lado de fora
Visitantes aguardam abertura
Mais pessoas chegando e surpresas

Rua de Moema interditada
Rua de Campo Belo interditada




Árvore cais sobre casa 



Outra árvore fechando rua

domingo, 28 de dezembro de 2014

O centenário de Lina Bo Bardi e a Casa de Vidro

A cidade de São Paulo foi fundada em 1554, há 460 anos, e aos poucos é possível observar uma preocupação com a preservação de vários marcos de sua curta história.

O motivo desta reflexão refere-se hoje à Casa de Vidro, um marco na arquitetura modernista brasileira, agora tombada, bem como a mata que a cerca, como patrimônio histórico pelo CONDEPHAAT (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico) e pelo IPHAN (Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). A carinhosamente chamada Casa de Vidro foi criada em 1951 como residência de sua criadora, a arquiteta ítalo-brasileira Lina Bo Bardi e o marido Pietro Maria Bardi, e planejada também para ser atelier e ponto de encontro de artistas. Hoje abriga a sede do Instituto Lina Bo e P. M. Bardi.

A Casa de Vidro
Lina Bo Bardi completaria 100 anos agora, em dezembro de 2014, e neste post queiro deixar minha homenagem na forma de um pouco de sua história.

Um pouco da biografia de Lina Bo Bardi

Achillina Bo nasceu em Roma, em 05 de dezembro de 1914, de uma tradicional família italiana. Após graduar-se em arquitetura foi para a cidade de Milão em busca de progresso profissional e cultural, colaborando com reportagens e ilustrações para tradicionais revistas da área. Era época da II Guerra Mundial e dentre as dificuldades vividas, seu escritório foi destruído por um bombardeio.

Na década de 1940, enquanto a Europa em reconstrução vivia o difícil período de pós-guerra, inclusive com coleções de obras de arte sendo postas à venda, o Brasil, especialmente São Paulo, vivia um período de grande efervescência no plano econômico e político, com o desenvolvimento industrial gerando condições para o crescimento urbano e cultural. Nessa época, o paraibano Assis Chateaubriand era o proprietário dos Diários Associados, o maior grupo de veículos de comunicação do Brasil. Por ser grande admirador de arte, um de seus projetos objetivava a criação em São Paulo de um museu de nível internacional, e como era leigo no assunto precisou do auxílio de alguém experiente da área. Convidou então o jornalista, crítico, colecionador e negociador de arte italiano Pietro Maria Bardi, marido de Lina, para ajudá-lo a fundar e dirigir o futuro museu.

E foi assim que Lina, sem possibilidade de criação pela própria situação política e econômica da Itália na época, veio para o Brasil em 1946, junto com o marido, que aceitara o convite recebido. Lina dizia que a Itália era um país de desconstrução.

Ao chegar ao Brasil Lina encontrou e admirou-se por um país com cultura em formação, cheio de possibilidades para trabalho e inovações. As artes começavam a tomar corpo, e Lina, aos poucos, engajou-se com os grandes nomes da produção artística, encantando-se também com a arte regional nordestina, que muito influenciou suas criações.
Lina e Pietro residiram no Rio de Janeiro durante um ano, e a seguir se mudaram para São Paulo.
Em 1951 Lina construiu seu primeiro projeto, a bela e modernista Casa de Vidro no então longínquo bairro do Morumbi, que seria a residência dos Bardi até o final de suas vidas. Lina faleceu em 20 de março 1992, aos 77 anos.
Ainda sobre sua trajetória, doze anos após a chegada ao Brasil, em 1958, já residindo em sua casa do Morumbi, transferiu-se temporariamente para a Bahia a convite da Universidade de Salvador para lecionar.

Além de sua residência, marco arquitetônico de São Paulo, Lina criou um imponente projeto para o museu sonhado por Chateaubriand. Ele se concretizaria como o MASP (Museu de Arte de São Paulo) e teria sua sede definitiva inaugurada em 1968, tornando-se a obra mais importante de Lina Bo Bardi.

O que é e como é a Casa de Vidro? 

Na década de 50 a região do Morumbi era ocupada por uma imensa fazenda de plantação de chá e após seu loteamento, Lina e Pietro Bardi compraram os três primeiros lotes da região. Lá, Lina conseguiu por fim levar ao cabo seu primeiro projeto, construindo a primeira residência do bairro e moradia do casal: a Casa de Vidro.

A casa tem um formato horizontal e foi concebida basicamente em dois blocos de concreto armado. O primeiro está suspenso por finas colunas de aço que vão até dentro da casa e foi construído ao redor da uma falsa seringueira. Fui informada pela guia da visita que as colunas desproporcionalmente finas, de 17 cm de diâmetro, não poderiam ser aprovadas atualmente para uma construção semelhante. Esse primeiro bloco que parece flutuar na mata, abrigava a parte social da casa. A característica que o destaca é que tem três faces completamente envidraçadas, que permitiam a entrada de luz natural e a observação da paisagem e vegetação externa de qualquer ângulo, o que deu origem ao nome Casa de Vidro.

Rampa de acesso à casa
Campainha e vista parcial da rua




















O segundo bloco da casa, na parte posterior do terreno, forma um bloco maciço de alvenaria totalmente apoiado no terreno, com relativamente poucas e pequenas janelas. Esta parte era destinada aos serviços e dormitórios. A área externa é vasta e descreverei a seguir.

A visita à Casa de Vidro

A casa ao alto, entre a mata
Há pouco mais de dois meses agendei um horário para a visita guiada à Casa de Vidro. A casa estava sendo preparada para a exposição “Mobiliário de Lina Bo Bardi - Tempos Pioneiros” como parte das comemorações do centenário de nascimento de Lina. A Casa situa a sede do Instituto Lina Bo e P. M. Bardi e abriga parte da coleção de arte adquirida pelo casal ao longo de suas vidas. O local conserva o mobiliário original, em grande parte criado pela arquiteta e também recebe vários eventos e exposições.
O terreno adquirido para a construção da casa possuía 7.000 m2 e era um descampado com uma única árvore, uma falsa seringueira, existente até hoje. Ao redor dela Lina construiu a casa e, no terreno, refez a reserva de mata atlântica, pois a mata primária original do local já não existia. Atualmente são 900 as árvores catalogadas.
Para entrar no terreno precisei tocar uma campainha e após me identificar pelo interfone o portão verde se abriu, já permitindo uma vista privilegiada da mata. Após subir uma inclinada rampa com acabamento de pedras e cacos de azulejos coloridos no centro, tive por fim uma linda vista da casa, que fica na parte mais alta do terreno.
Antes de entrar na casa propriamente dita já se pode ver na parte inferior um espaço aberto com vários objetos e peças de arte popular da coleção do casal. Há um grande banco de madeira talhado com figura de mulher com traços indígenas, amamentado criança e a “cadeira de beira de estrada”, confeccionada apenas com três galhos amarrados com cipó e um tronco entre eles para que pessoas de regiões mais rústicas, que comoveram a arquiteta, pudessem sentar enquanto aguardavam transporte na estrada.

A cadeira de beira de estrada

Banco talhado da coleção do casal
A entrada na casa se faz por uma escada simples e vazada, de aço e granito, em dois lances, que pode ser identificada nas fotos mais divulgadas de Lina.

Primeiro visitamos o bloco da frente. Lina não gostava de iluminação de teto, e essa parte da casa possuía, e possui apenas luminárias laterais. Elas têm formato de cone e foram criadas pela própria Lina.

Observar o teto sem luminárias

Mobiliário da sala
O piso desse grande salão é revestido em pastilhas azuis com os ambientes separados apenas pela mobília. Lina também não gostava de mobília pré-concebida e para adequar a seus projetos arquitetônicos desenhou e produziu todo o mobiliário da casa, que pode ser visto na visita. Ao entrar na sala, entre diversos móveis, destaca-se uma grande e bela mesa de centro, com estrutura de ferro azul e tampo com trabalhos em mármore. Cercam a mesa quatro poltronas criadas por Lina, em ferro com encosto e assento feitos em couro algo rústico e duas esferas douradas na extremidade dos braços das poltronas, que servem de apoio para quem se levanta.
Incinerador de lixo

Depois passamos pela cozinha para chegar ao segundo bloco da casa, mas a cozinha merece uma descrição à parte. Lina gostava muito de cozinhar, conforme fui informada, e não poupou detalhes modernos e funcionais para isso. As fotos mostram os dois fogões industriais, parte da bancada em aço inox, a mesa retrátil da cozinha, em fórmica e uma lavadora de louça moderna para a época e muito bem conservada. O tampo da pia era em aço inox e aqui sim, havia luminária no teto, desenhada por Lina. Como na época em que a casa foi construída não havia coleta pública de lixo e foi instalado então um incinerador para queimar o lixo.

Luminária da cozinha
Prática mesa da cozinha
O segundo bloco da casa, na parte posterior do terreno, forma um bloco maciço de alvenaria totalmente apoiado no terreno, com relativamente poucas e pequenas janelas. Esta parte era destinada aos serviços e dormitórios.

Em primeiro plano, vista do bloco apoiado no terreno
O segundo bloco da casa, na parte posterior do terreno, forma um bloco maciço de alvenaria totalmente apoiado no terreno, com relativamente poucas e pequenas janelas. Esta parte era destinada aos serviços e dormitórios.


No segundo bloco da casa, o cômodo que achei mais interessante foi o quarto de Lina, que para mim mostra muito de sua personalidade. Como os demais cômodos a iluminação vem de arandelas e abajures com o desenho em cone. A janela é ampla e mostra a mata externa. O quarto aparenta pouco conforto e foi planejado, conforme se sabe, apenas para dormir. A decoração é simples e a cama e os móveis de cabeceira foram criados especialmente para ela. A cabeceira é em tubo azul combinando com a sala, com capa de tecido, e mostra nos cantos superiores, a estrutura. O pequeno móvel lateral tem um curioso e nada convencional sistema de apoio que reforça a utilização da geometria por Lina.
Cama  projetada por Lina e baú da viagem da Itália
Maçanetas desenhadas por Lina
















As maçanetas das portas da Casa de Vidro também foram projetadas por Lina e executadas especialmente para a residência.

Embora seja divulgado que os acervos do arquivo ocupem várias áreas da casa, em minha visita nada me foi apresentado. Havia portas fechadas no segundo bloco da casa e apenas um escritório em funcionamento.

Seguindo a visita, nos fundos do terreno da casa há dois fornos a lenha, a horta, a casa dos cães o atelier e entre a mata, com privacidade, a casa do caseiro.

Um dos fornos a lenha. Sempre há vista para a mata
A visita à Casa de Vidro vale muito a pena, pois é uma chance única de conhecer um pouco mais um desses lugares pouco conhecidos e encantadores da cidade.

O Instituto Lina Bo e P. M. Bardi

Em 1990, por uma decisão do casal, foi fundado o Instituto Lina Bo e P.M. Bardi, com a denominação inicial de Instituto Quadrante, para divulgar e promover a cultura e as artes brasileiras no Brasil e no exterior e preservar acervos de arquitetura no país. O instituto abriga, além de obras de arte, gravuras, documentos, objetos, e os informados 6.633 desenhos, 7.008 fotografias e 2.795 livros, além do arquivo pessoal de ambos, significativo para a cultura do Brasil.

Com o decorrer dos anos e após a morte de Pietro Bardi, em 1999, porém, dificuldades ocorreram. As características de construção da Casa de Vidro exigiam obras constantes e dispendiosas de manutenção, principalmente com relação a infiltrações e áreas com oxidação, além de infestação intensa de cupins. Queda de pedaços do revestimento externo da sala levou à interdição das visitas em 2006 para novos trabalhos de manutenção e restauro da casa.

Há um fundo da Instituição advindo da venda de uma obra de arte, porém a manutenção do Instituto necessitou ser compartilhada pelo poder público e por instituições privadas. Exposições e visitas auxiliam na preservação do fundo.

Detalhe: Para comemorar o centenário de nascimento de Lina Bo Bardi, o Instituto reuniu várias iniciativas dispersas em um comitê curador, organizando a programação de exposições, publicações, filmes, encontros e uma campanha pela recuperação de suas principais obras, incluindo o MASP.

Visitas

O Instituto Lina Bo e P.M. Bardi atende a visitantes duas vezes por semana, com dias a combinar, e agendamento pelo e-mail: visita@institutobardi.com.br. A minha visita foi agendada por telefone, sem qualquer dificuldade, e ocoreu no horário combinado.

A taxa de visitação descrita no site no dia de hoje é de R$10,00 para estudantes e R$20,00 para públicos em geral, inclusive idosos.

Não há visitas aos finais de semana e não é permitida a entrada de veículos. Analise, portanto o trajeto e condições de segurança para estacionar seu veículo. Minha visita foi resolvida mediante transporte de táxi.




quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Mega esculturas de Ron Mueck na Pinacoteca de São Paulo - dicas para aproveitar melhor sua visita


Ron Mueck é um artista australiano radicado em Londres. Quando criança conviveu com a criação de bonecos, ofício de seu pai. Trabalhou com publicidade e animação para televisão e cinema e após 1990 começou sua atual arte.

Suas esculturas se caracterizam por reproduções super realísticas principalmente de pessoas em diversas situações e expressões corporais e faciais. A perfeição dos detalhes é impressionante, bem como as dimensões das esculturas, que podem ser gigantes ou em menores proporções em relação ao tamanho humano normal. Muek refere que só não reproduz seres humanos em tamanho real por não achar interessante.

A arte de Mueck é conhecida pelos impressionantes detalhes e perfeição das formas humanas, sem o uso de computadores.Entre os materiais utilizados nos trabalhos está a resina, fibra de vidro, silicone e acrílico, que podem ser observados no vídeo. Os cabelos, por exemplo, são de fios de nylon e o modelo inicial é feito em argila.

Fila de 40 minutos
Roupas leves e sombrinha

As obras já estão sendo exibidas em São Paulo há praticamente um mês e diariamente a procura é intensa. Para motivar vocês a visitarem a exposição, vou contar sobre minha ida e dar dez dicas para aproveitarem ao máximo o que verão.

1. Fui à Pinacoteca numa quinta-feira. Se possível escolham um dia de semana para ir, pois a procura é menor. Não vão às segundas feiras porque está fechado.

2. O acesso é fácil, com estação de metrô ao lado. Embora haja estacionamento gratuito para automóveis na Pinacoteca, em exposições grandes como a atual, as vagas ficam reservadas apenas para os idosos e portadores de necessidades especiais. Não há burocracia alguma. Se quiser utilizar o serviço de táxis ao voltar, há um ponto bem em frente.

3. Tamanho da fila na rua: não se assustem com a fila que facilmente vira a esquina e os deixa na calçada da Avenida Tiradentes. A entrada na Pinacoteca é super organizada por funcionários gentis, e ocorre em grupos, de modo que a fila anda bastante, em média a cada 10 minutos. Até minha entrada houve movimento da fila com 5, 10 e 15 minutos, de modo que entrei em 35 minutos para a segunda fila, a da bilheteria, menor e mais rápida, já dentro do prédio.

4. Se você gosta de conforto em filas: leve um boné ou sombrinha para a possibilidade de sol intenso nesta época. Na rua há ambulantes que oferecem água, refrigerantes e sucos bem gelados e também havia um pipoqueiro.

5. Ingresso: é bem acessível. Custa R$ 6,00 a inteira. A entrada é gratuita às quintas feiras e aos sábados, mas atenção, porque às quintas isso ocorre apenas após as 17 horas.

6. Crianças com até 10 anos e idosos maiores de 60 anos não pagam e têm bilheteria de prioridade. Também não precisam aguardar na fila.

7. Formamos um grupo de prioridade e fomos acompanhados até a entrada da exposição, onde as informações a seguir são dadas com clareza. Para facilitar, não leve grandes mochilas pois precisará deixar no guarda-volumes. Também desligue o flash da máquina e o som do celular. Fotos são permitidas em todo o espaço, mas a utilização do celular é proibida. Desnecessário dizer que alimentos, balas, chicletes são proibidos.

8. Pegue o folder que é distribuído. Nele há uma foto de cada obra e perguntas que estimulam sua maior observação.

9. A visita: as obras serão vistas no sentido horário. Estão em exibição nove obras, algumas inéditas. Dica: olhem bem devagar cada detalhe e reflitam sobre o que ela transmite, pois não há interpretação do autor. Circulem a obra toda, porque há surpresas e possibilidade de novas interpretações quando algumas são vistas na parte de trás.

"Mask II" - Grande auto retrato adormecido em forma de máscara

"Woman with sticks". A única que te olha.
10.Após a visita à oitava escultura há uma sala onde é exibido um documentário de 52 minutos sobre a construção das obras, intitulado "Still Life: Ron Mueck at Work, de Gautier Deblonde. A sala é acarpetada e fresquinha, tem cadeiras, mas muitos se sentam no chão. Também ali é possível fotografar e o vídeo esclarece muitas perguntas que poderiam surgir inclusive sobre como é o estúdio onde as obras são produzidas. O mesmo vídeo também é exibido após as salas da exposição, numa TV instalada na parede de um corredor. É menos aconchegante, para sentar possui bancos ao invés de cadeiras e tem o ruído dos que circulam pelo espaço.

E agora a nona escultura. Essa é uma das três esculturas inéditas, de 2013, e para mim a mais imponente, tanto pelo tamanho quanto pela riqueza de detalhes e beleza de imagem. Ela retrata um casal de idosos na praia.
  
"Couple under an Umbrella"

Detalhe das machas e rugas da pele

Parece que irão se mover


Pé perfeito, parece uma foto verdadeira

Mão da idosa

Tenham uma boa visita, e aproveitem para fazer um lanchinho na cafeteria da Pinacoteca. É muito bem servida e tem um cuscus especial. No almoço serve combos com salada, prato principal, um suco e uma pequena sobremesa. Paguei R$ 28,50.