terça-feira, 31 de março de 2015

Exposição itinerante “Sensações do Futuro” em visita diurna

São Paulo recebe em curto período, de 29 de abril a 04 de maio de 2015, uma exposição itinerante que passará apenas por quatro cidades no mundo. A primeira foi Xangai (China), agora São Paulo, depois Filadélfia (Estados Unidos) e em outubro termina em Paris (França), local de origem da companhia. O objetivo da mostra é “difundir cultura e conscientização sobre a necessidade de residências que vão além do conforto e beleza”.

Quem apresenta a exposição é o grupo multinacional Saint Gobain, que, em comemoração aos 350 anos de sua fundação escolheu a cidade de São Paulo como uma das sedes para as comemorações. A empresa produz materiais de alta performance para construção civil que fazem parte de estruturas de obras famosas pelo mundo tais como o Museu do Louvre ou, em nossa cidade, a Ponte Estaiada.

Fiz a visita em horário, na verdade alternativo, durante o dia, pois toda a divulgação refere-se a ela mostrando fotos da iluminação externa noturna das estruturas.

Quatro pavilhões compõe a exposição
A mostra é dividida na visita a quatro pavilhões, grandes estruturas em formato de cubos estilizados, muito bonitos e diferentes entre si. A mostra é uma jornada de sensorial e tecnológica e interativa sobre os temas: Criar Ver, Ouvir, Colorir e, que dão nome aos quatro pavilhões. Visitei os cubos na seqüência a partir do lado aonde cheguei a partir do MAM.

CRIAR: Embora a iluminação de LED da parte externa fique muitíssimo prejudicada durante o dia, especialmente como o de hoje, ensolarado, ainda assim a estrutura é muito bela e a mais distante de um cubo. Parece uma grande escadaria branca e em espiral aguardando para ser fotografada.

A visitação interna em nada é comprometida pelo horário do dia. Ali, como nos outros pavilhões, há segurança, uma pessoa que realiza a contagem dos visitantes e organiza a entrada e jovens monitoras, que basicamente cuidam do funcionamento das estruturas. Dentro do Pavilhão Criar, seguramente o mais interessante, há painéis luminosos elaborados em fibra óptica e um espelho redondo bem no centro, onde permanecemos ao seu redor. Logo inicia o som com vários ritmos musicais e um verdadeiro espetáculo de laser anima todo o espaço. São muitas cores e formas vindas de todos os lados e sempre refletidas naquele espelho central. É para repetir a visita apenas por esse espetáculo que, na verdade, é curto, de aproximadamente três minutos.

A sensação de parecer que entramos no aparente buraco do espelho pode produzir alguma tontura nos mais sensíveis. Esta é a única observação.

VER: Embora o brilho da iluminação externa também não possa ser apreciado durante o dia, seu revestimento espelhado reflete todo o entorno inclusive o céu. No interior, escuro e quente, também espelhado e com os cantos do cubo com iluminação de LED, ocorre uma enxurrada de estímulos de jogos de luz e imagens e a perfeita sensação de perspectiva que ao mesmo tempo que nos estimula a olhar para cima, que parece tão alto, nos assusta ao olhar para baixo e dar a sensação de estarmos num abismo. Em meio a muitas luzes são projetadas imagens de pinturas, desenhos, números e, na verdade, não é possível ver todas, mesmo percebendo que a mesma imagem aparece em seqüência em vários pontos do cubo.

Pavilhão CRIAR
Linda espiral em direção ás nuvens
Luzes contornam cada "degrau"
Belo momento no teto do CRIAR
Chão ou teto? À direita, o projetor
Imagens dançam no espelho redondo
Adicionar legenda
A fotógrafa sou eu ... e os pés também
A caminho do segundo cubo à esquerda
VER: Embora o brilho da iluminação externa também não possa ser apreciado durante o dia, seu revestimento espelhado reflete todo o entorno inclusive o céu. No interior, escuro e quente, também espelhado e com os cantos do cubo com iluminação de LED, ocorre uma enxurrada de estímulos de jogos de luz e imagens e a perfeita sensação de perspectiva que ao mesmo tempo que nos estimula a olhar para cima, que parece tão alto, nos assusta ao olhar para baixo e dar a sensação de estarmos num abismo. Em meio a muitas luzes são projetadas imagens de pinturas, desenhos, números e, na verdade, não é possível ver todas, mesmo percebendo que a mesma imagem aparece em seqüência em vários pontos do cubo.
Pavilhão VER
Muitos estímulos. Onde estou?
Apesar do flash, há idéia de profundidade
 Outras dica: Como no pavilhão anterior,desista de tentar entender o que é falado antes da apresentação. A articulação das palavras é péssima e há uma mistura de idiomas, dos quais o mais frequente é o português, com sotaque de Portugal. tanto faz, não dá mesmo para entender.

O número de pessoas que havia na hora do almoço permitia que entrássemos todos num mesmo momento, aguardando poucos minutos pela saída do grupo anterior.

OUVIR: Caminhando após a saída do Ver entrei no Pavilhão Ouvir, claro, não sem antes fazer algumas fotos com a ajuda de um turista mexicano. que de prontificou.

O pavilhão parece um grande cubo branco acolchoado com botões pretos, embora o revestimento seja, na verdade, de duras placas. Há um cubo vermelho menor, que é a entrada. Lá dentro há a perfeição do som e da acústica. Ocorre uma experiência de “espacialização sonora”. Tudo é escuro (novamente quente) e a dica é ficar no centro para aproveitar melhor a distribuição do som. Fechar os olhos é opcional. Ouvem-se sons da natureza como pássaros e mar e o incríveis ruídos urbanos de aviões, automóveis etc. É uma sensação muito boa e também bastante rápida.

Pavilhão OUVIR
COLORIR: Placas de vidro coloridas e algumas com delicados desenhos, intercaladas com pequenos espaços vazados para o exterior, estão dispostas em formato de carrossel, que roda lentamente sobre uma base com três divisões, algo como o conhecido movimento de um restaurante giratório. O objetivo é demonstrar a convergência entre a luz, as cores e as texturas do vidro. Neste pavilhão é o visitante que escolhe o tempo que deseja permanecer.

Pavilhão COLORIR
Muitas cores
Detalhe de uma placa
O piso gira entre as placas
 O quinto pavilhão - CONHECER: Há ainda um pavilhão interativo com imagens, folders, TV com vídeo e uma mesa interativa que mostram a história e trajetória da empresa. Dali saiam várias pessoas de terno e gravata e mulheres com trajes mais sociais carregando sacolinhas que me deixaram muito curiosa. Havia muitas recepcionistas lá dentro, espaço para sentar embora ninguém sentasse e ali sim, pessoas que sabiam do que se tratavam os pavilhões.

Pavilhão CONHECER
Mesa rosa com painel iterativo
  Endereço:
  • Parque do Ibirapuera, Portão 10, Av. Pedro Álvares Cabral, Vila Mariana – São Paulo/SP
Arena de Eventos do Parque.
  • A visitação é das 10 às 22 horas e é gratuita.
  • A duração da visita é estimada entre 30 e 45 minutos
Atenção: está timidamente anotado na entrada dos pavilhões quem é preferencial. Convidados VIP e gestantes. Sem idosos ou crianças ou necessidades especiais. Pena que não fotografei pois me distraí perguntando ao vigia de um dos cubos, que pareceu desconhecer do que eu estava falando. Ainda voltarei e contarei a vocês.

Os quatro pavilhões
Vale à pena a visita diurna, se for mais oportuna, pois as sensações que os pavilhões visam provocar não de alteram dentro dos cubos. À noite, embora possa haver maior número de visitantes, seguramente a vista externa é melhor. É uma visita rápida e para qualquer idade.

Visitei a exposição no segundo dia, mas, programem-se porque também já está terminando.

segunda-feira, 30 de março de 2015

Telhado Verde do Shopping Eldorado: legumes e verduras brotam mais perto do céu de São Paulo, sobre adubo gerado de resíduo orgânico

Segundo dados do IPEA, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, 2012, o material orgânico corresponde a cerca de 52% do volume total de resíduos produzidos no Brasil e tudo isso vai parar em aterros sanitários, onde são depositados com os demais resíduos e não recebem nenhum tipo de tratamento específico. Esse é um tipo de lixo com rápido poder de decomposição que gera um líquido altamente complexo que pode contaminar o lençol freático, além de gerar também gás metano.

As alternativas mais importantes para a redução desse lixo no futuro são a reciclagem e reutilização do material orgânico descartado criando com isso bons hábitos de preservação do meio ambiente, além de economizar matéria-prima e energia.

Compostagem é o conjunto de processos biológicos de transformação e degradação de matéria orgânica, seja ela de origem doméstica, industrial ou agrícola aplicados para estimular a decomposição de resíduos orgânicos. A técnica tradicional pode reciclar os resíduos gerados de 150 a 180, sendo que em um processo moderno de compostagem podem ser necessários apenas 20 minutos.

Programa Telhado Verde do Shopping Eldorado, em São Paulo

Em São Paulo há um detalhe verde de gestão de resíduos orgânicos pouco conhecido, que merece ser destacado e compartilhado. É o assim chamado Telhado Verde do Shopping Eldorado, uma horta plantada exclusivamente sobre resíduos alimentares tratados e transformados em adubo para ser utilizado no teto desse shopping center.

Telhado Verde Shopping Eldorado
Plantação mais perto do céu
O Shopping Eldorado é o terceiro shopping center mais antigo da cidade, tendo sido inaugurado em 1981 na zona oeste da cidade. É o primeiro shopping de São Paulo a ter uma Praça de Alimentação e agora o pioneiro nessa iniciativa, a criação de uma horta urbana em seu amplo telhado, que no momento já tem uma área ocupada de 2.500m2. Legumes, verduras, frutas, ervas aromáticas e medicinais são cultivados e fornecidos aos próprios colaboradores do shopping para seu consumo.

Para tanto foi firmada, há três anos, uma parceria entre a administração do Shopping Eldorado e o Núcleo Bioideias, parceira tecnológica para a criação do projeto chamado Recicla Mundo, e implantação do primeiro Telhado Verde em um Shopping Center em todo o Brasil. Após curta fase experimental o projeto foi implantado. Nesta parceria entra também a participação da Dar Vida, que desenvolveu o equipamento utilizado.

A Empresa Núcleo Bioideias (a grafia é assim mesmo) é uma empresa de biotecnologia com soluções sustentáveis para o tratamento de resíduos sólidos diversos. Dedica-se à criação de soluções alternativas, sempre de base natural, para a tratabilidade de resíduos sólidos e efluentes, visando oferecer produtos e serviços como foco na preservação do meio ambiente.

No caso do Telhado Verde, a Empresa Núcleo Bioideias, mediante o uso de tecnologia inovadora e exclusiva, realiza a gestão desses Resíduos Orgânicos, disponibilizando um processo de bio-otimização rápido, sem gerar chorume e nem odor, dando tratabilidade ao rejeito orgânico proveniente da sobra do usuário da praça de alimentação e resíduo vegetal proveniente da jardinagem. Com tecnologia própria, possibilita a transformação do material orgânico de 180 para três dias, sem gerar poluição e faz com que a matéria orgânica volte a ser usada de forma útil.

Com o composto orgânico gerado nesse processo foi então implantada a horta no telhado do Shopping onde estão plantados atualmente alface, abóbora, couve, abobrinha, salsinha, hortelã, manjericão, pimenta, tomate, ervas medicinais, morangos,dentre outros. Nesse mesmo local há também algumas flores para criar a biodiversidade.

Vou explicar como funciona todo o processo, que tive o prazer de conhecer:

Primeiro liguei na assessoria de comunicação do Shopping Eldorado, que me forneceu o link http://visitas.bioideias.com para preencher o formulário para solicitação de agendamento da visita. Em menos de 24 horas eu já estava combinando o dia e horário em que ocorreria.

Minha visita iniciou pelo local onde começa o Projeto, a praça de alimentação, que ocupa grande parte de um piso inteiro do Shopping Eldorado. Nela há oito “ilhas” de triagem e coleta de resíduos recicláveis e alimentares das badejas utilizadas para as refeições servidas. Os resíduos de alimentos, em vez de serem descartados são separados pelos funcionários dessas ilhas seguindo as normas do Plano Nacional de Resíduos Sólidos, onde os sacos são separados por cor e no caso do resíduo orgânico são de cor marrom.

Por mês são geradas 14 toneladas de adubo a partir dos restos de 10 mil refeições servidas por dia na praça de alimentação, que, em peso, equivalem a aproximadamente 700kg por dia.  
Coleta seletiva na Praça de Alimentação
Containers com lixo triado
Resíduo orgânico nos sacos marrons
 O passo seguinte é transportá-los em contêineres para o espaço interno de serviços do shopping, onde ocorre também a compactação de papel e lixo metálico. Após essa triagem, um funcionário leva o resíduo orgânico à Unidade de Tratamento.
Quando termina o elevador ...
Flores para recepcionar o visitante
As pirâmides de vidro são teto do Shopping
  Antes de conhecer como ocorre todo o processo visitei a horta, pois o tempo não estava firme e a ameaça de chuva impediria minha ida ao Telhado. Foi muito bom visitar a horta antes do projeto técnico que permitiu sua instalação, pois isso aumentou muito meu interesse em conhecer os detalhes do que tornava tão rica aquela horta urbana que transformou o espaço do telhado.

Foi uma boa caminhada entre escadas, rampas, espaços variados, paradas para olhar a cidade mais do alto e informações muito esclarecedoras e orgulhosas de meu “guia”, o Kauan, da Bioideias Gestão Ambiental, que realiza esse trabalho que contarei a seguir.

As plantas crescem diretamente no composto orgânico produzido no processo de compostagem dentro do próprio shopping, sem qualquer adição de, por exemplo, terra. As plantações são limpas e as plantas estão principalmente em baldes e engradados plásticos.

As fotos que fiz podem mostrar a variedade e vitalidade da plantação da horta.

Orégano
Abóbora "brasileirinha" - sementes da EMBRAPA
Abóbora comum
Muitas abóboras. Telhado de vidro ao funfo.
Plantação de couve
Setor da farmácia viva
Detalhe da farmácia viva
Olha as pimentas
Sempre com o adubo orgânico
... e a natureza vem
Ocupando os espaços
A irrigação é automática
Ao fundo, cascata do ar condicionado do shopping
Alfaces em vários estágios
Mais Telhado Verde
Olha o tamanho da alface
Horta diversificada
Vista bem lá do alto
Muitas cores e o adubo no balde da frente
Descendo do Telhado
 
 Como exatamente é a produção do adubo a partir dos resíduos alimentares gerados no shopping?

Com o que observei e as informações técnicas que me foram fornecidas posso informar com detalhes corretos como se processa a compostagem dos resíduos orgânicos dentro das instalações do shopping e sua transformação final no adubo que mantém a horta do Telhado Verde.

O lixo orgânico, como já falado, é levado à Unidade de Tratamento. Isso já é muito impressionante pois a Unidade Unidade Compactadora de Resíduo Orgânico é uma pequena estação retangular de sete por três metros quadrados, que está fotografada com a porta fechada. Dentro dela há um painel eletrônico de controle, uma balança digital, a composteira, um triturador e,claro, sacos de adubo.

Lá chegando os resíduos orgânicos são colocados na mesa de triagem e pesados em sacos de 25 kg por vez e a caca 100kg é misturada uma serragem de madeira certificada, pois os restos de madeira ajudam a tirar umidade, dar balanço ao composto dando uma consistência mais homogênea e pastosa, além de evitar que a comida apodreça e atraia bichos.

A mistura dos resíduos orgânicos com serragem é colocada em uma esteira e levada a uma espécie de tanque com misturador. O material primeiramente passa por um processo onde é adicionado uma enzima de tratabilidade e um biopolímero de ignição. A enzima de tratabilidade, junto com o polímero elevam a temperatura do processo para mais de 60oC e eliminam o odor do resíduo, controlam a umidade e eliminam os patógenos.

Após uma mistura de rápidos 15 minutos o pré-composto fica em descanso entre 12 e 24 horas e é novamente inserido no equipamento, onde o mesmo será misturado com o complexante, responsável pela aceleração do processo de bio-otimização de resíduos. Dependendo do resíduo, esse pré-composto é triturado para diminuir restos de alimento que ainda permaneçam como cascas de fruta, osso e etc.

Após essa mistura com o complexante, o material já sai da composteira homogêneo e com uma coloração idêntica ao adubo, devido à serragem e às enzimas.

Passa agora por um descanso de mais dois dias para chegar às características necessárias para ser classificado como adubo, é ensacado e então utilizado.

O equipamento que realiza o processo é extraordinariamente compacto e operado por poucos funcionários, que utilizam as precauções preventivas necessárias. Também chamou a atenção a limpeza do local e realmente a ausência de odor.

Resumindo, os restos de comida são misturados a duas enzimas e a um composto que gera calor. O material é misturado com as substâncias até chegar no ponto em que deixa de ser lixo e ganha propriedade fertilizante e está pronta a base para a ocupação da laje do Shopping pelo Telhado Verde!.

O Telhado Verde também reduz a demanda por ar condicionado. No piso inferior à laje com a horta, a temperatura média cai de 2ºC a 3ºC.

Balança, saco para ser pesado e mesa antes da esteira
Esteira que leva à composteira
Misturador lá dentro
Pronto para a trituradora. Notar osso á esquerda e casca grande à direita.
Trituradora e engradados para o descanso do adubo
Resíduo orgânico agora já é adubo
Limpeza e proteção

Agora já sabemos o que acontece sobre o telhado desse Shopping

  A produção de alimentos frescos em locais adversos ou não habituais já é possível na cidade e a apresentada é um bom exemplo. O Telhado Verde gera empregos e capacitação profissional, reduz o envio de lixo orgânico para aterros sanitários com todas as suas conseqüências, promove consciência ambiental e diminui os gastos com energia à medida que diminui a temperatura interna do shopping.

Atrás dessa porta é onde tudo acontece