domingo, 15 de fevereiro de 2015

Singela homenagem a Tomie Ohtake – imagens de uma escultura vermelha na Praça Professor José Lannes

Escultura de Tomie Ohtake na Praça Prof José Lannes
Edifício Berrini 500
Dia 12 de fevereiro, três dias antes deste post, a cidade, o país e as artes mundiais perderam uma artista única, escultora e pintora, de nome Tomie Ohtake. 

Nascida em Kyoto, no Japão, no ano de 1913, aos 23 anos de idade veio visitar um familiar no Brasil e daqui não foi mais embora. Casou-se e teve dois filhos.
Quando os filhos cresceram o amor e o dom já existente pelas artes veio à tona e a carreira profissional iniciou-se então aos 40 anos.
Tomie Ohtake trabalhou até o final de sua vida, aos 101 anos de idade, e esse longo tempo de intensa produção artística lhe permitiu grande divulgação de sua vida e obras. 

Ângulo da escultura vista de baixo
De forma inversa à facilidade que qualquer acesso à internet ou livros de arte permite localizar muitas imagens e informações, tenho imensa dificuldade em prestar alguma homenagem que já não tenha ocorrido.

Para este post busquei então alguma obra de fácil acesso na cidade, e que tenha tido menos exposição na mídia.
A obra é uma imensa escultura do ano 2000 localizada na Praça Professor José Lannes, em frente ao belo e moderno Edificio Berrini 500, na Avenida Eng. Luís Carlos Berrini 500, zona sudoeste de São Paulo, construído com a arquitetura de seu filho Ruy Ohtake. 
O bairro é o Itaim-Bibi e a obra também é citada como no bairro do Brooklin Novo.

É uma escultura em aço com 12,5 metros de comprimento e pesando três toneladas. Como a maioria das esculturas que Tomie realizou para espaços públicos, a cor é vermelha, sua preferida para esse tipo de exposição.

Não há placa de identificação e o estado da praça é regular, mas há bons bancos para admiração da obra, que também pode ser vista a partir da avenida e provavelmente passa despercebida no dia a dia paulistano.

A escultura parece um portal para o edifício
Escultura e praça vistas a partir da avenida
Outro ângulo da escultura vermelha de Tomie Ohtake
A praça possui também uma banca de jornal (atras das árvores)
Quaresmeiras adornam a escultura

Escultura ao longe, a partir dos jardins do Berrini 500
Como já muito divulgado, Tomie vivia imersa em sua arte, há 36 anos na casa-ateliê de aspecto modernista também projetada pelo filho Ruy, no bairro Campo Belo, na zona sul de São Paulo.

Seu filho Ricardo preside, por outro lado, o Instituto Tomie Ohtake, criado no anos de 2000 na zona Oeste de São Paulo. O Instituto congrega 7 salas de exposição, 4 salas de ateliês, uma de seminários e uma de documentação, ligadas por um grande hall, com restaurante, café, livraria e loja de objetos. Sua patrona será lembrada em suas muitas obras e nessa “casa de arte”.

Escultura Praça Prof. José Lannes 40 e Ed. Berrini 500








segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Resedás embelezam toda a cidade

A fama de São Paulo como cidade de concreto nem sempre se justifica e para ajudar em defesa de nosso verde, a cada mês postarei algum detalhe sobre as espécies vegetais encontradas na cidade.
Resedá

Uma prova de que ainda há beleza nas ruas pode ser agora. É início de fevereiro e a cidade de São Paulo está repleta de uma pequena árvore que fica lotada de flores rosa. Parece que não há uma rua sequer que não tenha um exemplar e o seu nome é RESEDÁ.
Destaque na avenida
Características: O nome científico do popular resedá é Lagerstroemia indica e pertence à família Lythraceae. Popularmente recebe outros nomes como extremosa, escumilha ou árvore-de-júpiter.

É originária da Índia e China, mas suas características fazem com que essa árvore extremamente ornamental seja muito utilizada em arborização urbana para decoração das calçadas em muitos países. Pode ser também cultivada em grandes vasos e usada como cercas vivas.

Um detalhe histórico dá conta de que a espécie foi introduzida nos Estados Unidos em 1970 por um botânico de nome Andre Michaux e a partir daí teria se difundido como árvore ornamental pelo mundo.

Árvores enfileiradas no Parque do Ibirapuera. Aqui parecem bolas de flores.
Exemplar com copa arredondada em rua residencial 
Exemplar com copa irregular e flores rosa
Flores: A florada se mantém por toda a primavera e verão, e podem existir exemplares nas cores branca, arroxeada ou mais freqüentemente em vários tons de rosa. As inflorescências se formam na ponta dos ramos e são um pouco espigadas, contém inúmeras flores crespas com um pequeno feixe de estames amarelos no meio, que dão um aspecto muito especial. Contudo, o aspecto da árvore quando vista de longe, faz parecer que possui flores como pompons redondos em toda a copa.

Flores roas com detalhe do centro amarelo
Detalhes dos cachos 
Mais florada de resedá
Estames mais visíveis nas flores brancas
Resedá branca
Detalhe da florada rosa intenso
Aspecto de papel amassado. Esta é de cor lilás.
Folhas: As folhas são resistentes à poluição e caem uma vez por ano nos locais onde o inverno é mais intenso. São pequenas, têm formato elíptico e bordas onduladas. A copa redonda que se observa formada pelas folhas só existirá se houver poda, caso contrário, o aspecto será de um arbusto, com a copa mais irregular.

Folhas brilhantes com bordas onduladas
Detalhe dos galhos e da folhagem densa
Tronco: Caracteristicamente o tronco do resedá é liso, claro e com aspecto marmorizado, permanecendo ereto até abrirem as flores na copa. Esse aspecto fica perfeito se forem retirados os novos e quebradiços galhos que brotam no solo. 

Clássico aspecto do tronco
Multiplicação: Ocorre por estacas e sementes. 

Em minhas pesquisas encontrei uma definição para o resedá que parece definir a flor do momento: a “Musa das Calçadas”.

Resedá e a fiação elétrica:boa convivência
Semáforo, guia rebaixada, comércio e ... resedá
Jovem árvore. Troncos múltiplos e copa irregular
Linda calçada com resedás brancas

Resedá, a flor do momento











Chuva de ouro em São Paulo

Cacho de Cassia-fistula
No verão a cidade de São Paulo está muito florida e as chuvas são irregulares. Contudo a chuva de ouro pode ser observada diariamente, uma árvore extremamente ornamental com flores amarelo-douradas cujos cachos pendem nos galhos em abundância, gerando assim seu nome popular. Além de Chuva de Ouro, é chamada também de Cassia-Imperial.

Chuva de Ouro
Belo caminho de Chuva de Ouro
De porte médio, a velocidade de crescimento é rápida e alcança 5 a 10 metros de altura. É uma árvore ideal para ser plantada em calçadas ou jardins porque suas raízes são superficiais e não são agressivas para as calçadas.

O nome científico é Cassia-fístula e pertence à família Fabaceae. Cresce bem em sol pleno e suas magníficas flores, chamadas inflorescências do tipo racemo, podem ser vistas nos meses de setembro a fevereiro.
A árvore de que falamos aqui tem o detalhe de ser exótica, originária da Ásia, e não deve ser confundida com a Chuva de Ouro de origem brasileira, que é a Cassia Ferruginosa. Esta tem caracteristicamente as flores perfumadas.

Tronco: É elegante e pouco tortuoso, com a casca acinzentada.

Tronco e galhos
Detalhe do tronco
Folhas: As folhas são chamadas pinadas, alternas, e tem forma elíptica. A face anterior tem cor verde viva e a posterior é mais clara. A copa é arredondada e produz boa sombra durante todo o ano.

Árvore menos vistosa
Mais Chuva de Ouro


Folhagem da árvore
Folhagem e cachos de flores
Detalhe da folha. A face superior é mais escura.
Flores: É sem dúvida, o destaque desta planta. As flores amarelas surgem entre a primavera e o verão, sendo na verdade, inflorescências. Formam racemos, ou cachos, pendentes e longos, que medem até 30 cm de comprimento e justificam o nome popular da planta. Os racemos são um tipo de inflorescência em que os pedicelos das flores (delicadas hastes próprias, os “tronquinhos” verdes vistos nas fotos) se inserem no eixo central. Cada flor tem cinco pétalas iguais. A abertura dos botões ocorre de forma gradual e progressiva, da base até a parte distal e assim os cachos ficam mais cheios a cada dia.

Conjunto de inflorescências de Cassia fistula
O cacho com botões na parte distal
Detalhe das flores
Uma flor colhida do chão, com o pedicelo
 A flor é hermafrodita, ou seja, o aparelho reprodutor masculino e femininos ficam na mesma estrutura floral. Os estames, parte masculina da flor que produz os esporos, são longos e encurvados, muito visíveis na flor.

Foto noturna. Boa visão dos pedicelos no eixo central da inflorescência.
Os belos filamentos que saem das flores são os estames
Frutos: Começam a ser formados após a floração e são do tipo legume, cilíndricos, de cor marrom e tamanho aproximado de 30 cm. A casca é dura, mas não muito espessa e não se rompe sozinha. Dentro de cada fruto estão alojadas as sementes distribuídas em compartimentos, com até 100 por vagem. As sementes são castanhas e brilhantes, com propriedades para utilização em fitoterapia, embora sejam tóxicas.

A vagem (fruto) da árvore Chuva de Ouro
Flores e frutos
Árvore com muitas vagens
  No mês de fevereiro ainda vemos a chuva de ouro pela cidade e também, na mesma árvore, podemos observar a formação de muitos frutos, que por serem pendentes também parecem uma chuva, só que de grandes vagens escuras.








































sábado, 7 de fevereiro de 2015

Um pouco de Mata Atlântica dentro da cidade num parque diferente: parque Burle Marx

A Mata Atlântica é uma das mais importantes florestas tropicais do mundo, apresenta rica biodiversidade e corresponde a uma estreita faixa de florestas ao longo da costa brasileira. Infelizmente está em processo paulatino de extinção por motivos vários, desde a extração de madeira séculos atrás até os conhecidos desmatamentos irregulares, construção de rodovias, poluição ambiental e a impiedosa especulação imobiliária.

Placa inaugural, dentro do Parque
Dentro de São Paulo, contudo, ainda é possível ver como era a vegetação da cidade antes da colonização e urbanização e um dos poucos locais para isso é o Parque Municipal Burle Marx.

O Parque Burle Marx, um dos parques da região sul de São Paulo, está localizado no criado bairro do Panamby, distrito de Vila Andrade, próximo à nobre região do Morumbi. É caracterizado como um “parque de lazer contemplativo” com resquícios de vegetação arbórea de grande porte, remanescente de mata nativa secundária em estágio avançado de recuperação. Este parque é totalmente voltado para a aproximação da população com a natureza, proporcionando agradáveis passeios por entre a vegetação de espécies remanescentes da Mata Atlântica. Possui como destaque os jardins projetados pelo mais proeminente paisagista brasileiro, Roberto Burle Marx.

O Parque teve um início diferente

Na região onde hoje existe o Parque, havia uma vasta área de Mata Atlântica com o nome de Chácara Tangará, que foi criada a partir de sucessivas aquisições de sítios e chácaras realizadas pelo industrial e assim chamado playboy internacional Francesco Matarazzo Pignatari, o Baby Pignatari, neto do conde Matarazzo.

Em meados de 1950, Pignata­ri iniciou a construção de uma paradisíaca residência para sua segunda esposa, toda circundada por lagos, pomar, jardins e áreas florestadas. A residência, localizada na parte mais alta do terreno, foi projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer e os jardins pelo talentoso Burle Marx. Esta obra nunca chegou a ser concluída, pois em 1957 ocorreu o divórcio e a vida de Pignatari tomou outros rumos.

Após mais de três décadas abandonada por questões judiciais, a propriedade como um todo, foi vendida e loteada.O local, nobre em localização e vegetação nativa, despertou grandes embates entre sociedades civis, empreiteiras de projetos imobiliários e a administração pública, culminando com 28,7% daquela área pertencente à municipalidade.

O Parque foi criado, em 1986. A casa inacabada foi demolida na década de 1990 e as obras do jardim lateral que já haviam sido realizadas e incorporadas ao Parque quando este foi criado, além de terem sido preservadas, foram concluídas pelo próprio Burle Marx em 1991.
O demais terreno deu origem ao Projeto Urbanístico Panamby, no momento com empreendimentos apenas residenciais de alto padrão.

Há ainda, conforme pode ser visto nas fotos, o inacabado Palácio Tangará Hotel e Spa, obra majestosa de 27 mil metros quadrados que se propunha a ser o primeiro hotel de seis estrelas em São Paulo, e que está circundada por espécies raras de vegetação nativa. A obra está paralisada desde 2001 e não  é possível visitá-la.

Outro detalhe que torna esse parque diferente é quanto à sua gestão, pois é o único parque público com gestão privada, a cargo da organização sem fins lucrativos Fundação Aaron Birmann, que o administra com recursos advindos de eventos, comercialização de produtos, projetos e doações.

Visitando o Parque Burle Marx

Estrada para o acesso de automóveis
Sua localização é privilegiada e de fácil acesso, mas apenas rodoviário, por ficar à margem esquerda da Avenida Marginal do Rio Pinheiros e esse é um dos motivos pelos quais o jovem Parque Burle Marx não é muito conhecido pelos paulistanos.
A sinalização da entrada, contudo, é discreta e facilmente pode conduzir o visitante à rua que o circunda, tendo que dar a volta.
Ultrapassando a pequena estrada de pedras e terra batida chega-se à guarita do estacionamento, que é pago e já avisado no site do próprio parque. Fui, contudo, num sábado à tarde e ela estava fechada.


Quiosque de bebidas
Placa da entrada
O local é muito bonito e logo na entrada já podemos imaginar que teremos muito para visitar. São 138.279 metros quadrados de área entre as distintas e tão programadas partes que o compõe, conforme a cartilha do próprio parque.

O principal atrativo do parque é a vegetação, que é composta por espécies nativas de Mata Atlântica como Copaíba, Pau-Brasil, Pau-Ferro e Palmito Jussara, parte de reflorestamento com eucaliptos e mais de 50 espécies de plantas introduzidas por Burle Marx para o paisagismo dos canteiros e jardins.

A fauna é considerada diversificada, mas pouco posso contar, pois pouco puder observar dela.

Gramado Central
Na entrada há o atrativo Gramado Central, com playground com alguns brinquedos e o Bosque das Jabuticabeiras ao fundo.
O gramado amplo e muito bem cuidado justifica a característica difundida de “parque de lazer contemplativo”, permitindo o descanso, leitura e a admiração da natureza. Quando fui haviam poucas pessoas, divididas entre algumas crianças, adultos deitados no gramado e menos de uma dúzia de corredores ou caminhantes pela mata.
Gramado Central visto a partir do Jardim e entrada ao fundo
O maior atrativo do espaço infantil é o Casulão, grande tronco de árvore deitado e muito bem cuidado, parcialmente envolto por uma rede, que foi adaptado para as crianças tentarem andar e se equilibrar por toda a sua extensão.

O Casulão
Gramado, bancos e playground ao fundo .Que vista tem esses prédios!
Jardim Burle Marx
O Jardim Burle Marx, embora não seja de grandes proporções, é uma atração à parte, pela originalidade e beleza de suas estruturas. Ao fundo dele, como que emoldurado por 15 palmeiras imperiais, há um grande painel com esculturas geométricas em altos e baixos relevos e espelhos d'água. O estado de conservação é regular e a cor e espuma da água não eram convidativas, como pode ser visto nas fotos.

Há também o Gramado Xadrez, que é um pequeno e bonito jardim em duas tonalidades de verde proporcionando o aspecto quadriculado de um tabuleiro de xadrez que pode ser visto na foto e, obviamente, não pode ser pisado. Mais ao lado há um pergolado em madeira que convida à observação demorada.

O conjunto constituído pelas palmeiras imperiais, canteiros e jardins, Espelho d’água, Gramado Xadrez, área do Pergolado e os dois painéis escultóricos em concreto, forma a obra paisagística e arquitetônica de Roberto Burle Marx, agora tombada pelo Patrimônio Histórico-Cultural.

Descendo as escadarias do Jardim Burle Marx encontra-se a sede da administração do parque e logo
começa a entrada para as trilhas.
Painel em alto e baixo relvo e espelho d1água
Gramado xadrez e área do Paergolado
Jardins e o Pergolado
Espécies decorativas dos jardins
Pergolado visto a partir do banco de tronco de árvore


O bonito hotel inacabado 


Descendo as escadarias do Jardim Burle Marx encontra-se a sede da administração do parque e logo
começa a entrada para as trilhas.

Casa da administração
Banco original e barras de madeira para alongamento
As trilhas e região dos lagos
As trilhas para caminhada e jogging no interior da mata são o maior atrativo do parque, permitindo experiências de contato com a natureza e conscientização ecológica. O parque dispõe de três trilhas: a Trilha “A - dos Lagos” tem 350 metros, a Trilha "B - da nascente", 850 metros e a Trilha “C - dos macacos”, 1060 metros, com níveis progressivos de dificuldade.
Caminho de terra batida para a mata
Caminho bucólico ao lado do lago
Os caminhos circundam os lagos vão se estreitando à medida que a mata fica mais fechada. Um detalhe, contudo, vou descrever, pois chamou muito minha atenção. É a obra do artista plástico José Spaniol chamada O Descanso da Sala, localizada no lago menor."A uma altura de aproximadamente 7 metros, veremos o que seria uma sala ou um quarto pendurados de cabeça para baixo. Uma estrutura de metal sustenta o conjunto: uma cama, uma mesa, uma escada e duas cadeiras. Fixados no topo dessa armação, os objetos são refletidos sobre um espelho de água, dessa maneira projetados contra o céu. Mediante esse artifício, recuperam sua posição natural. O trabalho estrutura-se por esse eixo entre terra e céu, num movimento vertical de aproximação entre opostos”.
A nitidez da imagem é incrível, parecendo que os móveis estão no fundo do lago, como que mergulhados, como se essa fosse a verdadeira imagem e não a que está no alto.
A obra Descanso da Sala vista de baixo para cima
Formação da imagem no fundo do lago
Detalhe perfeito dos móveis da obra
Nas fotos pode-se observar um pouco do que é a floresta. A Mata Atlântica pode ser descrita como que ocorrendo em camadas, e as mais rasteiras são as que conseguimos fotografar com mais facilidade. Vimos variedade de belas espécies vegetais, sendo algumas existentes apenas neste ecossistema. Podem ser observadas árvores com altos e lisos trocos que abrem suas copas lá no alto e fornecem o aspecto de camada única de vegetação vista nas fotos aéreas.

Há outra camada de vegetação, mais baixa, chamada de sub-bosque, onde se observam plantas menores e pequenas árvores tais como bambus, samambaias gigantes, líquens e outras espécies, que toleram menos quantidade de luz. Esta parte necessita de menos luz, sendo o habitat de muitas aves. Em minha caminhada encontrei um bando de jacutingas que levantaram voo com os passos, mas não fotografei, pois me assustei pensando que poderiam ser urubus!

Detalhe especial fica por conta da Palmeira-Juçara. A Mata Atlântica é a reserva natural dessa espécie, que produz o palmito-juçara. De forma diferença das demais palmeiras que produzem palmito, a espécie juçara tem o crescimento muito mais lento e cada uma constitui um único tronco, enquanto as demais formam touceiras. Assim, ao se extrair o palmito, a palmeira juçara é cortada e sacrificada, enquanto as outras, pupunha e açaí, possuem ramos que brotam do tronco principal.
É por este motivo que ela encontra-se ameaçada de extinção e que devemos admirá-la enquanto existe. A preservação da palmeira- juçara está diretamente ligada à manutenção da biodiversidade da Mata Atlântica pois suas semente e frutos servem de alimento para diversos animais silvestres.

Voltado ao nosso passeio, a luminosidade é menor no interior da mata, e a camada mais inferior da vegetação, inclusive, possui espécies com folhas maiores, para aumentar a superfície de captação de luz. Ali vivem também inúmeras espécies de fungos e animais rasteiros.

À medida que fui entrando e subindo na mata, pois o terreno é elevado, vivi uma sensação interessante. Parecia que estava anoitecendo, o que não estava ainda e de repente não havia outros grupos por perto para indicar por qual trilha era a saída. O estranhamento de poder se perder ao escurecer não deixou de ser uma pequena e inocente aventura, que foi interrompida pelo apito do vigia do parque, que avisava os frequentadores sobre o fechamento do local.
Seguindo a trilha. A vegetação rasteira é fundamental para o ecosistema.
Palmeiras-Juçara dos dois lados
O lago maior

A fauna em convivência 
Um clareira para descanso e contemplação
Vamos continuar subindo
Árvores com troncos lisos e altos. A mata está mais fechada.
Ver as três "camadas" da Mata Atlântica. Detalhe para a Palmeira-Juçara.
Na subida, um bonito muro de pedras
 Cabe ressaltar que achei as trilhas muito pouco sinalizadas bem como não localizei a bica, embora tenha subido toda a mata. Mais tarde um segurança do local informou que ela é pequena e está muito escondida e que a água não é potável!

Das normas e atividades extras do parque
Por ser um parque com opção de lazer contemplativo e de proteção da fauna e flora, há normas rígidas que determinam suas condições de uso.
É vedado a prática de qualquer atividade esportiva (incluindo o uso de bicicletas, bolas, patins, patinetes, skates, pipas, etc.), à exceção de caminhadas; a entrada de vendedores, camelôs e ambulantes, pessoas alcoolizadas ou que agridam a moral e os bons costumes; a entrada de animais; colher flores, mudas ou plantas; subir ou escrever em árvores; lançar galhos, detritos ou qualquer objeto nos cursos d’água; caçar e pescar; usar churrasqueiras ou fogueiras; molestar ou alimentar indevidamente os animais do Parque; montar barracas ou acampamentos; importunar, de qualquer forma, os demais usuários do Parque; usar alto-falantes ou aparelhos para amplificação de som; operar miniaturas de veículos, barcos ou aeroplanos de modelismo; distribuir material publicitário; comercializar bebidas alcoólicas; fazer pic-nic; realizar eventos com finalidades políticas ou religiosas. A alimentação não pode ser feita nas áreas gramadas do Burle Marx, apenas na região da lanchonete local.

... e o que pode?

Para crianças até 5 anos de idade será permitido o uso moderado de bicicletas (até aro 16), patins, patinetes; apenas para bebês e crianças pequenas, será permitido o uso de bolas leves. Pode CONTEMPLAR, enquanto ainda existir resquícios de Mata Atlântica!

O parque oferece também atividades monitoradas e gratuitas como dança, aquarela, pilates, yoga, tai chi chuan, em datas e horários pré-determinados.

Pode-se também pensar, com base em sua história, se as normas de utilização do Parque o tornam adicionalmente uma reserva de valor, para se manter como um cartão postal intato para a venda de imóveis ao seu redor.