sexta-feira, 22 de maio de 2015

M.M.D.C. e a Avenida 23 de maio

Placa da Avenida 23 de maio
No dia 23 de maio é comemorada uma importante data para a memória cívica: é o dia do Soldado Constitucionalista e da Juventude Constitucionalista. A data, que deu nome à avenida, relembra o episódio que foi o estopim para a Revolução Constitucionalista de 1932.
Foi nesse dia, no ano de 1932, que foram mortos pelos apoiadores do presidente Getúlio Vargas, os primeiros quatro heróis constitucionalistas cujas inicias de seus nomes deram origem à sigla M.M.D.C.. Logo contarei detalhes sobre eles.

Avenida 23 de maio. Parque do Ibirapuera á esquerda.
Obelisco Mausoléu ao Soldado Constitucionalista de 32 em destaque.
Avenida 23 de maio e o obelisco iluminado
Em outro post falo sobre o que foi a Revolução Constitucionalista, porém vamos nos projetar um pouco para os acontecimentos da época.

No ano de 1930 Getúlio Vargas havia assumido a presidência do Brasil mediante um golpe militar, impedindo o eleito pelo povo, Júlio Prestes, de assumir o cargo.
Teve início uma ditadura que duraria quatro anos a qual foi chamada de “Governo Provisório”. No ano de 1931, Getúlio Vargas, cujo regime político não implantava a participação popular, derrubou a Constituição brasileira, destituiu todos os ministérios e nomeou, no lugar dos governadores, interventores para administrarem os estados.

Riquezas culturais, acervos históricos e as finanças passaram a ser gradativamente dilapidadas.
Os opositores indignados, que eram inúmeros, foram para as ruas manifestarem-se e pedir sua saída e uma nova Constituição, declarando repúdio ao governo ditatorial e exigindo eleições. Naquela época os comícios e manifestações de rua contavam com grande participação popular em São Paulo, e não foi diferente nesse momento.

Na noite do dia 23 de maio de 1932, uma segunda-feira, na Praça da República, centro de São Paulo, toda a população insatisfeita faz uma enorme manifestação contra o regime ditatorial, organizada por estudantes. Na praça tomada pela população exaltada, e ruas ao redor, eram exibidas a bandeira paulista e faixas e eram pregadas palavras de ordem contra a ilegalidade do governo getulista. Um grupo de populares tentou invadir a sede do partido favorável a Getúlio Vargas, na Rua Barão e Itapetininga com a Praça da República, e o resultado da repressão governista foram disparos contra os manifestantes. O partido era o PPP (Partido Popular Paulista).

Na Praça da República quinze 15 jovens foram atingidos sendo quatro de forma fatal:

Placa na Praça da Repúiblica

· Mário MARTINS de Almeida, 31 anos, solteiro, foi estudante do Macknezie College e era fazendeiro em Sertãozinho. Nasceu em São Manoel-SP;

· Euclydes Bueno MIRAGAIA, 21 anos, solteiro, foi aluno da Escola de Comércio Carlos de Carvalho e da Escola e Comércio Álvares Penteado. Era estudantede direito e auxiliar de Cartório em São Paulo. Nasceu em São José dos Campos-SP;

· DRÁUSIO Marcondes de Souza, 14 anos, com pai farmacêutico era ajudante de farmácia em São Paulo. Nasceu na capital paulista; e

· Antonio Américo de CAMARGO Andrade, 30 anos, casado, três filhos, comerciário em São Paulo, que também nasceu na capital.

Miragaia e Camargo foram os primeiro a falecer, seguidos por Martins, que recebeu uma rajada de metralhadora. O jovem Dráusio morreu cinco dias depois.

No dia seguinte, 24 de maio de 1932, as lideranças civis e militares de SP se reúnem e organizam a sociedade secreta M.M.D.C., iniciais dos nomes dos quatro jovens mártires tombados inicialmente na manifestação. Inicia-se a mobilização do povo paulista. Voluntários confeccionam fardam e despojam-se de bens e materiais para dar suporte ao movimento.

Em conseqüência do confronto de 23 de maio também veio a perder a vida o jovem da cidade de Muzambinho-MG, Orlando de ALVARENGA, que faleceu em 12 de agosto de 1932, depois de 81 dias de sofrimento por conta de um grave ferimento de tiro de fuzil na coluna lombar, que esfacelou sua medula.
Segundo textos históricos, ele faleceu exatamente dois dias após o então governador Pedro de Toledo ter assinado um decreto oficializando a sigla M.M.D.C. como símbolo da Revolução Constitucionalista de 32. Por esse motivo você também encontrará a sigla M.M.D.C.A..

Placas em ruas vizinhas no bairro do Butantã
Ruas homenageiam os heróis de 32
Rua Miragaia
Rua M.M.D.C. faz esquina com rua Camargo

 Esse acontecimento foi o estopim para aumento da revolta popular e que levou à deflagração da luta armada chamada Revolução Constitucionalista de 1932, iniciada em 9 de julho do mesmo ano.

São Paulo, isolado de outros estados por Vargas, que inclusive fechou o porto de Santos, teve que aceitar a derrota após 87 dias de bravo combate.

Esses heróis e mais centenas de combatentes, muitos deles voluntários e pertencentes principalmente à classe média, não deram suas vidas em vão, pois foi essa mobilização que terminou levando o próprio Vargas, por ver seu governo em risco, a convocar a Assembléia em 1933 e promulgar uma nova Constituição para o país no dia 16 de julho de 1934.

Em São Paulo foi construído um monumento em homenagem a esse episódio da história e a esses combatentes, que é o Monumento Mausoléu ao Soldado Constitucionalista de 32, o conhecido Obelisco do Ibirapuera, projetado pelo escultor italiano Galileo Emendabili, que serve de mausoléu para seus restos mortais.

Uma eterna homenagem e gratidão aos heróis de 32!

Monumento Mausoléu ao Soldado Constitucionalista de 32.
Tombado pelo patrimônio histórico municipal e estadual.
Embaixo do Obelisco está o Mausoléu
Exatamente na base do Obelisco está a escultura em mármore que representa o Herói Jacente
Painel com foto de combatentes. Está dentro do Monumento.
Camiseta Associação Veteranos de 32 exibida com muito orgulho






















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