quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Pavilhão Japonês e o aniversário de São Paulo

Foi assim há 62 anos, é assim agora.

No ano de 1954 o Pavilhão Japonês foi doado à cidade de São Paulo para celebrar o IV Centenário de sua fundação, como um monumento símbolo de amizade entre japoneses e brasileiros. Ele foi construído pelo governo japonês em conjunto com a comunidade nipo-brasileira, que é a maior comunidade japonesa fora do Japão e tem em São Paulo a cidade mais populosa.

O prédio foi construído no Japão, desmontado, transportado de navio e montado novamente em São Paulo sob coordenação da Comissão Colaboradora da Colônia Japonesa Pró-IV Centenário de São Paulo, no mesmo ano em que estava sendo inaugurado o Parque do Ibirapuera, onde foi instalado.

O modelo utilizou como referência o Palácio Imperial Katsura (Katsura Rikyū), residência imperial de verão em Quioto, antiga capital do Japão, e construído pela Construtora Takenaka no Japão. O projeto do Pavilhão é do arquiteto japonês Sutemi Horiguchi, da Universidade Meiji.

Para descrever o prédio devo dizer que possui características construtivas próprias de cultura arquitetônica utilizada no Japão originalmente nas residências da aristocracia e samurais, com madeiras perfeitamente encaixadas, sem a utilização de pregos até os materiais utilizados originários do Japão tais como as madeiras, pedras vulcânicas do jardim e lama de Quioto. Um trabalho que exige muito conhecimento e precisão de mestres da carpintaria.

Fachada do Pavilhão Japonês 

Embora essa técnica construtiva permita que a edificação dure até 300 anos e seja inclusive resistente a terremotos, a passagem implacável do tempo torna necessária a manutenção dos materiais e o controle de cupins. Algumas ações de restauração já aconteceram e a última, ocorrida agilmente em 20 dias, terminou a tempo de ser entregue aos paulistanos para o aniversário de 462 anos da cidade. Dia 21 de janeiro de 2016 o Pavilhão foi plenamente reaberto, quatro dias antes da data do aniversário. 

A atual reforma que visou preservar toda a estrutura, que é tombada pelo patrimônio histórico, foi coordenada por dois mestres carpinteiros e um mestre em descupinização vindos do Japão e pertencentes à empresa Nakashima Komuten. O presidente da construtora, Norio Nakashima foi um dos carpinteiros.

Visitando o Pavilhão Japonês

O Pavilhão é uma instalação quase que escondido dentro do Parque do Ibirapuera, que ocupa uma área de 7.500 m². Com uma entrada discreta que até destoa das instalações do Parque, o Pavilhão se apresenta ao visitante como um amplo local de sossego e relaxamento, além de guardar obras de arte tais como é o próprio prédio.

Entrada a partir de um desvio da pista principal do Parque do Ibirapuera

Na primeira placa o nome Sakurá (ou cerejeira), a flor nacional do Japão

Jardim ás margens do lago do Parque do Ibirapuera
Localizado às margens do lago do Parque do Ibirapuera, o Pavilhão é composto por um edifício principal suspenso, que se articula em um salão nobre e diversas salas anexas, passarela para o salão de exposição, jardins e o famoso e belo lago de carpas. O Pavilhão ocupa uma área de 7.500 m² e é composto de um edifício principal suspenso por palafitas, e diversas salas, como a sala para cerimônia do chá, corredores, salão de exposições e recintos de serviço, além de um lago com carpas, jardins interno e externo.

Os jardins estão em todo o redor do Pavilhão e foram inspirados nos tradicionais conceitos japoneses. No jardim maior, avistado logo à entrada, há muitas cerejeiras e bonsais e outras plantas ornamentais, com espécies vegetais nativas do Japão devidamente identificadas, além, é claro, da belíssima vista para o lago.

Um detalhe notado na área do jardim é a presença de várias placas e marcos comemorativos de datas de relevância para o local ou de visitas de destaque. Apenas na entrada do edifício existe um grupo de 7 placas. Contei no mínimo cinco marcos também dispostos pelos jardins, porém não garanto que não existam mais.

Monumento à criação e criadores do Pavilhão

Pinheiro japones plantado por príncipes em visita em 1967

Acessei o Pavilhão por uma escadaria de madeira, forrada de vermelho, que conduz à varanda. Esta beira um lago com águas verdes e uma pequena cachoeira entre pedras, estado protegida por uma rede. Cheguei ao Lago das Carpas, que é uma das grandes atrações do local. São cerca de 300 carpas multicoloridas que vieram do Japão. As grandes são as adultas e podem viver até 70 anos, o que lhes permite simbolizar a longevidade.
Você poderá alimentá-las com uma ração especialmente preparada pelo criador fornecida no local e é sugerido que bata com o pé na madeira da varanda para que as carpas se aproximem. Na verdade, parece que elas já sabem onde está o alimento e se concentram bem perto do visitante.

Um detalhe sobre as carpas é que as carpas coloridas foram introduzidas no Brasil a partir pavilhão japonês, há 40 anos.

Embora o lago tenha sido construído na mesma época em que o Pavilhão, ele recebeu as primeiras carpas coloridas no início da década de 70, graças à iniciativa da Associação Brasileira de Nishikigoi e ao intercâmbio com criadores de várias províncias japonesas.

Acessando o Lago das Carpas

À direita está a varanda. Madeiras novinhas.

Cascata do Lago das Carpas

Carpas com muitas cores e tamanhos

Na bela varanda o reflexo dos visitantes-fotógrafos

A partir do alto da edificação, de onde se avista o lago das carpas, você agora entrará novamente no interior do pavilhão a partir do salão principal, que demonstra os recintos que existem na casa tradicional japonesa. Bela com seu piso de tatame está a Sala de Cerimônia do Chá (chashitsu), também inaugurada em 1954.

É para admirar de longe e seguir a visita, embora o espaço seja oferecido para a realização da cerimônia em momentos agendados.

Agora você terá acesso a uma ponte de madeira que conduz o visitante do Pavilhão ao Salão de Exposições.

Mas esta não é uma simples ponte, pois carrega a simbologia da união entre dois povos de culturas tão diferentes. Por essa ponte com laterais vazadas pode-se avistas os jardins internos do Pavilhão Japonês. A leste está o jardim japonês e a oeste o jardim brasileiro. No jardim brasileiro observam-se espécies exclusivamente nativas, identificadas e com toda a exuberância, abundância e cor. No jardim japonês está a sobriedade, clareza e planejamento.

Ponte de madeira entre os dois jardins

De um lado da ponte está o jardim japonês 

Outro ângulo do jardim japonês para contemplar

Do outro lado da ponte está o exuberante jardim brasileiro

Flores de Orelha-de-Onça apontam o pavilhão principal.
Palmito Jussara indicado com o número 3, à direita

Descendo para a exposição

Já do outro lado da ponte elevada, agora desceremos nova escadaria que conduzirá ao Salão de Exposições. A partir daqui não é mais permitido fotografar, não sei exatamente o porquê, pois fotos de todos os ambientes são abundantes na internet.

No salão há uma pequena loja com livros e alguns poucos objetos e a seguir, passando por uma porta à direita, estão expostas obras diversas da memória cultural japonesa pertencentes ao acervo do Pavilhão. São peças em cerâmica de várias épocas a partir do século XI, bonecos em terracota do século V (Haniwa), armaduras e espadas de samurais e outros objetos típicos desse povo. Sempre em balcões protegidos por vidro há também amostra de pintura em rolo, algumas máscaras,

Detalhe para um grande e belo sino, outro marco comemorativo, o “Sino do Amor”, agora um presente da cidade de Osaka para São Paulo em comemoração a 40 anos de fraternidade e convênio entre elas.

Uma agradável e suave música sempre nos acompanha pelos cômodos.

No mesmo salão ocorrem também exposições temporárias e, neste momento de reinauguração a mostra de chama “Olhar Japonês no Brasil”, que reúne obras de artistas de diferentes manifestações culturais tais como cerâmicas, arte em metal, Ikebana, Bonsai e concertos de música clássica japonesa.

Saindo novamente para os jardins do Pavilhão, segue-se admirando os bonsais, no momento da visita em grande número e variedade devido à exposição. Detalhe para a curadoria da exposição de bonsai do dedicado, respeitado e muito gentil Márcio Augusto de Azevedo, que não descende de japoneses, mas é um apaixonado por sua arte, que pratica há mais de 20 anos.


Fachada do salão de Exposições

Grande pedra celebra cem anos de amizade Brasil-Japão.
Tem um ipê roxo de um lado e uma cerejeira do outro.

Exposição de bonsais

Bonsai com 6 anos na mão de Márcio Augusto

Bonsai Ficus carica, com 80 anos

Monumento Estrondeio do Trovão

Jaboticabeira

Ao longe à esquerda está a ponte sobre o lado do Parque


Caminho para os fundos do Pavilhão. Obras "Tôro I e II".

"Flores" de Ivone Shirahata

Caminhe, relaxe, admire a natureza e transporte-se ao que é mostrado no pavilhão. Se deseja agradar as crianças, leve-as ao tanque de carpas para alimentá-las.

Uma visita imperdível num local instalado dentro de um dos cartões postais mais queridos da cidade, o Parque do Ibirapuera.

O Pavilhão Japonês é um dos raros pavilhões fora do Japão a manter suas características em perfeito estado de conservação.

Serviço

Local: Parque do Ibirapuera - portão 10
(próximo ao Planetário e ao Museu Afro Brasil - mapa no final desta página)
Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº - São Paulo - SP
Funcionamento: quarta-feira, sábado, domingo e feriados
Horário: das 10h às 12h e das 13h às 17h

Contribuição adulto: R$ 10,00
Estudante com carteirinha: R$ 5,00 / Crianças de 5 a 12 anos: R$ 5,00
Idosos de 60 a 65 anos: R$ 5,00 / Crianças até 4 anos e idosos acima de 65 anos: isento

Quer saber qual a programação do momento?
(11) 5081-7296 /(11) 3208-1755
ou pavilhao@bunkyo.org.br

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