domingo, 22 de março de 2015

Fundação Maria Luisa e Oscar Americano – como visitar num mesmo espaço arquitetura, museu, parque com mata atlântica e tomar chá da tarde

 Criada em 1975 e aberta ao público em 1980, a Fundação Maria Luisa e Oscar Americano, localizada no bairro do Morumbi bem em frente ao palácio do governo do Estado de São Paulo, aguarda visitantes diariamente para conhecer suas instalações e tomar um chá da tarde com vista para seus cuidados jardins.

A casa foi residência do casal Maria Luisa Ferraz Americano de Caldas e Oscar Americano de Caldas Filho e seus filhos durante mais de 20 anos e tem uma bela história. Dois anos após o falecimento de Maria Luisa, Oscar Americano instituiu a Fundação, encarregando-a de manter e preservar a residência, seu acervo de obras de arte que o casal colecionava, a mobília de valor histórico, bem como seu parque. 

Parque e casa são classicamente representativos do Movimento Moderno de arquitetura, que foi marcado pelo racionalismo e funcionalismo, formas geométricas definidas, pouca ornamentação, grandes espaços livres sob as construções, grandes vidraças, integração da arquitetura com o paisagismo e com obras de arte. Tudo isso pode ser observado no ambiente da fundação.

Oscar Americano

Oscar Americano (1908-1974) era engenheiro formado no Instituto Mackenzie, foi mecenas e grande empresário, fundador da Companhia Brasileira de Projetos e Obras - CBPO, importante empresa especializada em obras de engenharia da década de 1970. Participou, como voluntário, da Revolução Constitucionalista em 1932 e casou-se em 1927. Como engenheiro executou, por exemplo, as Vias Anchieta, Anhanguera e Dutra. 

Como aproveitar melhor a visita 

Para facilitar e aproveitar melhor o passeio fornecerei algumas informações:

1. O endereço: Avenida Morumbi 4077. Você encontrará alguma sinalização para a Fundação em placas na Avenida Morumbi, porém ao chegar mais próximo, na altura do Palácio dos Bandeirantes, verá, no lado ímpar da avenida, um extenso e cercado muro de pedra e nenhuma numeração que possa ser identificada quando dentro de um automóvel em movimento. Vá até o final desse muro de pedra e vire à direita, pois o portão de entrada fica na realidade após a esquina com a Rua Joaquim Cândido de Azevedo Marques.

2. É informado que não há estacionamento durante a semana e que o carro deve ficar na rua. Foi a informação que o segurança da guarita imediatamente nos deu ao encostarmos o automóvel no portão. Mas não desistam. Bastou seguir uma dica que havia lido, ou seja, insistir um pouco, que, mediante o pagamento de R$ 15,00 pudemos estacionar o carro com segurança dentro do local.

3. Os ingressos custam R$ 10,00 sendo que estudantes e maiores de 60 anos pagam meia entrada e todo primeiro sábado de cada mês a entrada é gratuita. O pagamento também é feito no portão de entrada. Você receberá uma pulseira para utilizar durante a visita.

4. O que há para visitar? O percurso todo é dividido em Sede e 10 setores de Jardins. O chamado Pavilhão não estava disponível para visitação. Como não é uma visita guiada sugiro que ela inicie pela sede para que possa ser comprado o Guia do Parque (R$15,00), muito útil inclusive porque a identificação das espécies arbóreas não é tão perfeita assim. 

5. Ao entrar na casa para visitar o acervo, não é permitido fotografar e uma gentil funcionária uniformizada nos acompanhou todo o tempo, fornecendo informações e negando a permissão de obter fotos a cada solicitação que eu fazia.

6. Se for sennsível a picadas de insetos leve repelente pois a longa caminhada pelas avenidas cercadas pela densa mata tem muitos mosquitos e o prurido aparece na mesma hora.

7. Funcionamento: a Fundação está aberta ao publico de terça a domingo, das 10:00 às 17:30. Em outros horários podem ser reservados eventos privados.

Conhecendo a casa-sede


Após curto caminho pela Alameda Pau-Ferro chega-se à casa, toda cercada por vegetação bem cuidadas, projetada pelo arquiteto Oswaldo Arthur Bratke em 1952 a convite do amigo de infância Oscar Americano. A casa atualmente está tombada pelo Patrimônio Histórico da cidade de São Paulo.


Alameda Pau-Ferro leva à Fundação
Fundação Maria Luisa e Oscar Americano
No Período Colonial a região de Mata Atlântica hoje ocupada pelo bairro do Morumbi foi desmatada para a instalação de fazendas de chá. Oscar Americano, já preocupado com a preservação ambiental, plantou novamente espécies de Mata Atlântica e algumas exóticas em seu imenso terreno de 75 000 metros quadrados. O paisagista ficou a cargo de Otávio Augusto Teixeira Mendes, então diretor do Horto Florestal, com o detalhe que seus serviços seriam pagos “por árvore de qualidade, plantada e vingada”.

A entrada na casa leva ao acervo. São muitos cômodos com ricas e organizadas coleções de obras de arte e peças históricas do período de Brasil Colônia e Brasil Império até a Proclamação da República, a obras modernistas da metade do século XX.

Logo é possível observar dois grandes óleos sobre tela que retratam os “anfitriões”. Maria Luisa foi retratada por Tony Koegl e a tela de Oscar Americano é de autoria de Nicola Carone.

À direita da entrada fica o único cômodo da casa que permaneceu intacto, a requintada biblioteca.

Antes de entrar: lindo Pau-Ferro e uma "espiadinha" na biblioteca
Vista dos dois pavimentos da casa
A calmaria da água e antes de entrar
Placa inaugural à entrada
Há oito pinturas do artista holandês Frans Post, que acompanhou o navegador Maurício de Nassau no século XVII e foi responsável pelos primeiros registros das paisagens brasileiras como Cidade do Interior, de 1654 e obras de artistas renomados e mais modernos como Cândido Portinari (Meninos e Piões - 1959), Di Cavalcanti (Cais) ou escultura em terracota de Victor Brecheret (Pietá).

Teatro com 300 lugares
Há pratarias inglesas como uma linda coleção de paliteiros, porcelanas do Caminho das Índias, arte sacra do século XVIII, tapeçarias, retratos, documentos e mobiliário da época imperial. É possível admirar também objetos curiosos como um sofá da princesa Isabel com detalhes em madrepérola uma coleção de botões de uniformes militares do Exército e Marinha imperiais do século XIX ou exercícios de caligrafia do menino Dom Pedro II. Adorei também o trono episcopal de Dom José.

Com pouco destaque, porém de grande interesse é uma peça da monarquia que está enquadrada, a bandeira que deu origem à bandeira nacional. Bem diferente da atual por sinal! Pena que não é possível fotografar. No nível inferior da casa há objetos sacros, o auditório,
No nível inferior da casa há objetos sacros, o auditório, um local para aquisição daquele guia do parque e também de que falei e também do Guia das Aves locais. Há a seguir um salão muito bonito e aconchegante, com móveis muito conservados e peças elegantes como pratarias, onde se pode
 tomar um chá (ou café) da tarde, que pode ser completo ou apenas com algum item selecionado. 
Há mesas também na parte externa e coberta do salão. Aos domingos ocorrem recitais e concertos e a programação está disponível para distribuição. Os salgados que comemos estavam muito fresquinhos e bem feitos e o bolo de Ovomaltine merece ser degustado.

Mesas sobre o mosaico de Lívio Abramo
Entrada do salão de chá
Aconchegante salão de chá
Piso inferior com outra vista do mosaico "Foz do Rio Amazonas"


A seguir, o Parque

Nesse vasto espaço de mata, cortado por alamedas com os nomes da vegetação local onde se pode fazer uma trilha, há aproximadamente 25 000 árvores, entre as quais angicos, sibipirunas, jerivás, os lindíssimos paus-ferro, paus-brasil e jacarandás. Siga o percurso sugerido no Guia para descobrir as sutilezas desse jardim, que se inicia quase que como um parque que abraça a retangular e envidraçada casa e segue com a visualização da escultura A Sereia, de Emanuel Manasse de 1955. No setor 5 há o início do bosque, o caminho inicia um declive e chega a uma bifurcação. Do setor 6 em diante há maior quantidade de árvores da Mata Atlântica,a vegetação fica mais densa e a claridade diminui para retornar no setor 7.

Começando a caminhada. Tronco de Bunya-Bunya em destaque.

Alameda ampla e sinuosa, com muita luz

Esculturas metálicas espalhadas pelo parque

Cada alameda com o nome de uma árvore

Asfalto substituído por arenito. Já há sol e sombra.

A mata fica mais densa e outras especies vegetais aparecem

Pelo caminho estão espalhadas várias esculturas metálicas e há bancos para descansar parar para admirar a fauna e a flora.

Setor 4 com Louro-de-são-paulo e outra escultura

Início do bosque.Caminho mais estreito.

É Mata Atlântica
 No setor 9 há palmeiras de-leque-da-china, tipuanas e palmeiras exóticas, que conduzem ao pavimento inferior da residência, cujo belo piso de mosaico português é intitulado “Foz do Rio Amazonas”, O autor é de Lívio Abramo, artista pioneiro da gravura brasileira, já na área residencial. Exuberantes paus-ferro indicam o acesso principal à sede.

Descida estreita
Olha o tamanho da aranha na frente da escultura!
Samambaiaçu, xaxim
No caminho de volta à sede
A Fundação é espaço amplo e agradável que proporciona um encontro com a natureza e com a história do Brasil. É um dos poucos locais onde pode ser vista Mata Atlântica remanescente no meio da cidade!

Casa-museu e o extenso parque






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