segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

A cripta: o grande detalhe da Catedral Metropolitana da Sé



No último post deste ano vou, por fim, sugerir um local para oração e meditação. Sem dia ou hora marcada, não me refiro a uma igreja qualquer. É a Catedral da Sé em sua majestade e por inteiro, dentro do possível.

Sobre sua história, sabe-se que a construção da primeira igreja da cidade, já nesse local, foi em 1591, num terreno escolhido pelo cacique Tibiriçá. A obra era feita em barro e palha socados (taipa) e assim ficou até 1754, quando foi demolida para dar lugar à Catedral da Sé, concluída em 1764.
Fachada da Catedral da Sé com árvore de Natal ao fundo
A vontade do Arcebispo de São Paulo, Dom Duarte Leopoldo e Silva e a colaboração de paulistas A vontade do Arcebispo de São Paulo, Dom Duarte Leopoldo e Silva e a colaboração de paulistas ilustres para terem uma igreja mais condizente com a cidade fez com que em janeiro de 1912 a igreja fosse novamente demolida para dar espaço ao alargamento da Praça da Sé e à versão atual da Catedral e maior igreja de São Paulo. Após longo tempo, em 1954, a Catedral Metropolitana Nossa Senhora Assunção e São Paulo, Catedral da Sé, foi oficialmente inaugurada por ocasião das comemorações do 4º Centenário da Cidade de São Paulo, ainda sem as duas torres principais.

Embora seja muito visitada e um dos cartões postais da cidade, a sua bela e conservada cripta ainda é pouco conhecida. É relatado que recebe semanalmente ao redor de 100 visitantes enquanto que a Catedral recebe cerca de 5mil visitantes por dia.

Ela foi construída e inaugurada bem antes da Catedral, no ano de 1919, está aberta à visitação mediante agendamento e é sobre ela que quero falar hoje.

A cripta localiza-se exatamente abaixo do altar-mor da Catedral da Sé, situada na Praça da Sé, local do marco zero de São Paulo. Para agendar a visita basta ir até a secretaria da igreja e no máximo em 30 minutos um guia virá buscar você. O guia atual, o atencioso, bilíngue e muito preparado Marcelo, está lá há um ano, e promete visitas cada vez melhores.                                                  
                                                Para entrar descemos uma escadaria do lado esquerdo da igreja,
Entrada da cripta
sendo que há duas entradas iguais, uma de cada lado do altar-mor. O Marcelo abriu uma corrente com cadeado e a seguir a porta e contou que antigamente a cripta não era fechada, mas o vandalismo e pichação de esculturas exigiram essa medida.

É maravilhosa a vista da cripta quando as portas se abrem! É como uma mini-catedral subterrânea, mais colorida, rica e detalhada. Foi projetada, bem como o resto da Catedral, em estilo neogótico pelo professor de Arquitetura da Escola Politécnica, o alemão Maximilian Emil Hehl, com materiais vindos da Itália. 

A cripta mede 619 metros quadrados, tem 7 metros de pé direito e comporta 56 assentos. O piso é todo em mármore de Carrara branco e preto e o teto tem seus arcos decorados com pequenos tijolos, no mesmo estilo da Catedral “lá em cima”. As colunas, que eram de concreto, por apresentarem rachaduras devido ao intenso som foram substituídas por colunas de granito brasileiro.

Visão geral da cripta ao entrar
Detalhe do teto com arcos e tijolos
Altar da cripta
Vista parcial dos assentos vermelhos
 A cripta possui ao seu redor trinta câmaras mortuárias destinadas a guardar os restos mortais de bispos e arcebispos de São Paulo, nem todos ocupados, na verdade, 14 estão vagos. Lá estão os restos mortais de Dom Duarte e do primeiro bispo de São Paulo, Dom Bernardo Rodrigues. Na cripta estão também, em mausoléus em bronze de personalidades históricas. O cacique Tibiriçá, primeiro cidadão de São Paulo de Piratininga e um dos primeiros índios a ser catequizado pelos jesuítas, e o padre Feijó, Regente do Império.

Vista lateral do mausoléu a Tibiriçá
Câmaras mortuárias de bispos

 Encontra-se, ainda parte dos restos mortais do padre Bartolomeu Lourenço de Gusmão, que inventou o balão, chamado de passarola.

Padre Bartolomeu de Gusmão

São Jerônimo, de Francisco Leopoldo

Restos de vandalismo   
Jó, de Francisco Leopoldo
 Caminhando mais para a direção do altar observa-se que no centro das duas laterais da cripta se encontram duas esculturas em mármore, trabalhos artísticos doados pelo escultor Francisco Leopoldo, irmão do Arcebispo Dom Duarte. De um lado está a escultura Jô, o afligido do Senhor, e do outro, São Jerônimo.

Há também A Primeira Exposição Brasileira sobre o Santo Sudário com uma réplica do Santo Sudário e exposição de réplicas de objetos utilizados para a tortura de Jesus Cristo.

Ao fundo, local da exposição Santo Sudário
Olhando para a saída
 A visita havia terminado, não sem antes dar uma última olhada nesse verdadeiro esconderijo religioso.

Detalhes: quando disse que a Catedral pode ser visitada dentro do possível referi-me à possibilidade de visita às torres que, por razões de segurança, não podem ser vistas no momento. Outro espaço escondido na Catedral são as suas colunas, que na verdade são ocas e interligam espaços subterrâneos que se comunicam, mas isso são histórias para leitura apenas.

Informações: As visitas à cripta da Catedral da Sé ocorrem atualmente às segundas, quartas, quintas e sextas-feiras a partir das 9 horas. O valor é de R$ 5,00 por pessoa.

O telefone para informações (que funciona!) é: (11) 3107-6832 e o site com mais informações é www.catedraldase.org.br, onde você pode fazer um discreto tour virtual.

Detalhe de interesse: todas as sextas-feiras às 9 horas há missa na cripta, aberta à população.

Vamos agradecer pelos bons momentos de 2014 e por ter “sobrevivido” aos maus momentos?






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