Fachada da Casa Modernista da Rua Santa Cruz |
Casa Modernista entre a vegetação. Detalhe das entradas frontal e lateral |
Nas imagens abaixo, o jardim que foi projetado por Mina Klabin nos 13 mil m2 que cercam a residência, com uso pioneiro de espécies tropicais. O bosque de eucaliptos foi plantado para evitar contato com o prédio que estava em construção em frente à casa, que seria o Hospital Nipo-Brasileiro.
Jardim visto a partir da entrada de serviço, com trilha de pedras |
Adicionar legenda |
Vista parcial do jardim a partir do primeiro piso |
O Modernismo foi um movimento cultural global que se iniciou na Europa e, no caso da arquitetura, deu início a uma nova fase estética buscando racionalismo e funcionalidade nos projetos e abandando as tradições de construções neocoloniais, grandiosas de materiais pesados, com utilização de luxo excessivo e detalhes intensos de ornamentos.
Os primeiros anos do Modernismo no Brasil tiveram início a partir da primeira década do século XX, principalmente em São Paulo, e foram marcados por hostilidade da opinião pública e grandes obstáculos como os limites impostos pela legislação, o alto custo dos materiais industrializados como o cimento e o vidro e a formação técnica da mão-de-obra, uma vez que os métodos construtivos utilizados ainda eram bastante artesanais.
Manifestos de vanguarda ocorriam, Warchavchik já publicava sobre a necessidade de uma renovação estética própria para a civilização do século XX com valorização da cultura e da realidade nacionais, realçados na Semana de Arte Moderna de 1922 em São Paulo.
Para tentar compreender o objetivo desse pensamento duas máximas se tornaram as grandes representantes do modernismo: “menos é mais” (do arquiteto Van Der Roche) e “a forma segue a função” (do arquiteto Louis Sullivan).
Nessa época em que a cidade passava por um intenso processo de industrialização e urbanização Warchavchik, quatro anos após sua chegada ao Brasil, realizou o primeiro projeto modernista ao construir sua própria residência na Rua Santa Cruz, na zona sul de São Paulo, hoje conhecida como Casa Modernista.
A construção em estilo sem precedentes no Brasil, que marcou o momento de transição das formas clássicas ao inovador, causou grande impacto por apresentar linhas retas, cor branca e não possuir ornamentos comuns à época. O projeto para a casa teve como objetivo a racionalidade, o conforto, a utilidade, uma boa ventilação e iluminação.
A obra era tão impactante para a época que, para conseguir obter aprovação junto à prefeitura o arquiteto apresentou uma fachada totalmente ornamentada, e após a conclusão da obra, alegou falta de recursos para completá-la.
Detalhe que muito do sucesso da obra se deveu a seu casamento com Mina Klabin, filha de industrial da elite paulistana e um dos maiores proprietários de terras urbanas da cidade, cuja fortuna e simpatia com o pensamento modernista o incentivaram.
Outro detalhe refere que o imigrante lituano Maurício Freeman Klabin, pai de Mina, era cliente de Warchavchik que projetava para ele loteamentos, casas de aluguel e pavilhões industriais. Uma das formas de pagamentos desses serviços foi o terreno da Rua Santa Cruz.
A Casa Modernista
Acompanhando as fotos inicio a visita pela fachada frontal da casa recordando que foi construída com o pensamento de simplificação dos detalhes em benefício dos custos de obra e da facilidade de execução. A fachada obedece a um eixo de simetria que não é rebatida em planta nas dependências internas. Reparem que a porta aberta permite ampla visão dos jardins dos fundos da casa.
As paredes eram rugosas, de modo a reagir à luz em vez de apenas refleti-la.
Fachada da casa modernista atualmente |
Vista parcial da sala Até meados da década de 1960 o arquiteto tinha o hábito de receber para jantar todos os arquitetos formados nas duas únicas escolas de arquitetura da cidade. |
Cômodos confortáveis, com boa ventilação e iluminação |
Detalhe da fachada do primeiro piso com janela de um dos quartos |
Aqui assistimos um belo e nostálgico depoimento de herdeiro do casal |
Cozinha com a tendência de simplicidade, prioriza a iluminação natural |
Azulejos no teto e prateleiras de mármore |
Warchavchik também projetou mobiliários, luminárias e portas diversas, como a de enrolar no em seu eixo.
Porta da cozinha |
Um projeto dinâmico
Em 1934 a casa passou por uma importante reforma projetada por Warchavchik para adequá-la ao aumento da família devido ao nascimento de seus dois filhos. A sala de estar foi ampliada bem como a cozinha e o quarto principal, com o acréscimo de um grande e belo terraço circundando o quarto da esposa e mais um banheiro. O acesso principal passou a ser realizado pela lateral da casa, onde foi acrescida uma marquise.
Na entrada, muitas informações |
Entrada lateral com marquise, priorizada após a reforma |
Grande porta que se abre para os fundos da casa |
Detalhe da abertura da grade de proteção da janela da sala vista na foto acima |
Vamos subir?
Escadaria de madeira, corrimão colocado mais tarde Caixilho com basculantes na escada foi substituído por belos blocos cilíndricos de vidro |
Chegando ao primeiro piso com muita luz e simplicidade |
Caixilho com basculantes na escada foi substituído por belos blocos cilíndricos de vidro na reforma |
Através de um bloco de vidro a natureza lá fora |
Cômodo do casal com grande varanda construída na reforma de 1934 |
Piscina vista a partir da varanda Palco de eventos como a grande festa de 1944 em prol da Cruz Vermelha brasileira e russa. Barqueiros do Volga remavam e cantavam na piscina. |
Reforma substitui as três janelas do piso superior por espécie de balcão projetado para fora. A iluminação é feita pelas peças cilíndricas de vidro e portas-balcão que se abrem para as varandas. |
Vista parcial dos quartos |
A grande varanda com placa explicativa ao centro |
Banheira |
O que aconteceu com a casa?
Warchavchik viveu com Mina Klabin até sua morte. A partir de 1972, quando herdeiros do casal passaram a cuidar da propriedade, logo anunciaram a intenção de vendê-la a uma construtora, que prometia erguer ali diversas torres de apartamentos. Em protesto, os moradores do bairro da Vila Mariana criaram a “Associação Pró-Parque Modernista” em defesa da casa e sua área verde, exigindo posicionamento do Estado. Este impediu a compra e realizou o tombamento do imóvel primeiramente em 1984 pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo) e posteriormente também pelo seguido pelo Iphan e pelo Conpresp.
A briga na justiça só terminou em 1994 quando o governo foi obrigado a adquirir o ponto e indenizar os proprietários. Deteriorado, o imóvel permaneceu fechado por mais de 20 anos, sendo inclusive alvo de invasões até que em março de 2008 a prefeitura do município de São Paulo passou a ser permissionária do imóvel, tendo o governo do Estado transferido a ela a responsabilidade pelo seu uso e manutenção. A residência, ainda em restauro, reabriu as portas para visitação em 2008.
Endereço:
Rua Santa Cruz, 325 – Vila Mariana
Tel.: (11) 5083-3232
Entrada franca
Até os dias atuais as obras do modernismo continuam sendo referências importantes e marcos da nossa arquitetura.
A Casa modernista é um clássico da Arquitetura e faz parte dos imóveis que compõe o projeto Museu da Cidade.
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Ou, se preferir, me envie um e-mail em: teresanb@globo.com
Warchavchik viveu com Mina Klabin até sua morte. A partir de 1972, quando herdeiros do casal passaram a cuidar da propriedade, logo anunciaram a intenção de vendê-la a uma construtora, que prometia erguer ali diversas torres de apartamentos. Em protesto, os moradores do bairro da Vila Mariana criaram a “Associação Pró-Parque Modernista” em defesa da casa e sua área verde, exigindo posicionamento do Estado. Este impediu a compra e realizou o tombamento do imóvel primeiramente em 1984 pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo) e posteriormente também pelo seguido pelo Iphan e pelo Conpresp.
Vamos nos despedindo |
Endereço:
Rua Santa Cruz, 325 – Vila Mariana
Tel.: (11) 5083-3232
Entrada franca
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