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Estacionamento do Portão 7 do Parque. Ver portão aberto à direita |
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Próximo à entrada da Avenida IV Centenário. Modernos prédios ao fundo |
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Entrada pelo Bosque da Leitura e antiga serraria |
Segundo site da Prefeitura o Viveiro Manequinho Lopes possui 10 estufas, 97 estufins ou canteiros suspensos, 3 telados (estruturas com telas de sombreamento) e 39 quadras de produção de matrizes e estoques de mudas.
É um local calmo e super espaçoso, um verdadeiro refúgio onde o público (pouco) caminha tranquilamente, escolas excursionam e curiosos ou estudiosos fotografam compulsivamente. Possui visitas guiadas sob agendamento mas os funcionários são solícitos e explicam tudo o que sabem, mesmo que visivelmente cheios de ocupações. Seus portões abrem de segunda a sexta-feira, das 7 às 17 horas.
Manuel Lopes de Oliveira Filho, o Manequinho Lopes Não encontrei muitos dados sobre a vida e obra de Manuel Lopes de Oliveira Filho. As informações que me pareceram mais confiáveis vieram do texto de Silvia Valentini ,
Paisagens em Debate, publicada na revista eletrônica Paisagem e Ambiente, FAU.USP - n. 05, dezembro 2007. A autora fez uma série de cinco entrevistas no ano 2006 com a filha de Manequinho, Francisca Lopes de Oliveira Martinez, 95 anos e a neta, Clélia Helena de Oliveira Martinez, 70 anos.
Manequinho Lopes, como era seu apelido, nasceu de uma família com posses, em 14 de março de 1872. Como aqui não havia como estudar aprofundadamente seu pai o enviou à Europa, estudando na França, Suíça e Alemanha, onde se diplomou como entomologista. Ao voltar ao país após 11 anos logo iniciou seus trabalhos na prefeitura.
Casou-se no Brasil aos 21 anos com uma prima portuguesa e foi morar numa fazenda em Botucatu até sua posterior venda devido a dificuldades financeiras de seu pai. Tornou-se então funcionário do Instituto Biológico e pelo Brasil no combate às pragas de lavouras, sua especialidade, e assim se aproximou das plantas e ficou conhecido como o Entomologista do Verde. Não havia muitas profissões na época e Manequinho era como que um naturalista. Segundo sua filha, “Ele fazia tudo com o coração, tanto que ia trabalhar até aos domingos, sempre de guarda-chuva, que usava para cutucar a terra dos jardins da cidade para ver se estava bem tratada.” É motivo de orgulho o relato de sua amizade com o escritor Monteiro Lobato, que almoçava em sua casa aos domingos.
Em São Paulo residiu com a família nos Campos Elísios até 1934, quando se mudou para a Vila Mariana.
Sua imagem é sempre retratada com características barbas longas e o microscópio é referido como o objeto que o acompanhava durante todo seu tempo em casa, onde tinha um escritório para trabalhar e também ensinar algumas pessoas, além de sua filha.
Em 1928 inaugurou o Viveiro no futuro Parque do Ibirapuera e em 1934, foi indicado Chefe da Divisão de Matas, Parques e Jardins de São Paulo.
No jornal O Estado de São Paulo ele mantinha uma pequena coluna semanal sobre agricultura chamada
Assumptos Agrícolas que de tão lida, transformou-se no caderno
Suplemento Agrícola. Manequinho Lopes, que não gostava de ser chamado assim, assinava O. F.(Oliveira Filho) em sua coluna do jornal.
A coluna agrícola foi escrita por ele até seu falecimento em fevereiro de 1938, aos 68 anos de idade.
Em 14 de março do mesmo ano, um decreto do prefeito Fábio Prado deu o nome de seu criador ao Viveiro, que com seu conhecimento, prestou inúmeros serviços e distribuiu beleza pela cidade. O trabalho de Manequinho Lopes teve continuidade através de Arthur Etzel, filho de Antonio Etzel, que administrou dedicadamente o viveiro por mais de 50 anos.
Vamos manter a memória!Realmente, dentro do Parque Ibirapuera não há menção sobre o trabalho e Manequinho Lopes, como afirmam suas familiares. Apenas no bairro dos Campos Elísios há a Rua Lopes de Oliveira, nome de seu pai. Não há notícia de ter recebido nem mesmo um dos tantos bustos existentes em São Paulo ou no próprio parque!
Sobre a restauração do Viveiro em 1993 O Viveiro foi restaurado em 1993 com um projeto do paisagista Burle Marx, visando reintegrá-lo ao Parque Ibirapuera, com reforma paisagística para valorizar o verde e as belas árvores e aprimoramento das necessidades dos canteiros.
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Totem com placa alusiva à entrega do Viveiro reformado |
O galpão da antiga Serraria também teve sua estrutura totalmente recuperada.
O Viveiro revitalizado foi entregue à população em 24 de março de 1994 e no centro da praça próxima à Serraria há um totem com placa de agradecimento aos colaboradores da reforma (ver nas fotos), mas nada sobre o criador, o sr Manequinho Lopes.
Minha visita de janeiro de 2015
Neste mês, após a queda das árvores pelo vendaval do início do ano, fui ao Viveiro e tive uma triste surpresa. O contrato com a empresa prestadora de serviços de produção de mudas e manutenção e conservação dos viveiros, chamada Demax, não foi renovado e os 40, conforme me informaram talvez 42 funcionários terminarão seus serviços no dia 24 de janeiro, às vésperas do aniversário de São Paulo. Segundo os próprios funcionários grande parte saiu ou foi dispensada restando o remanejamento para outra parte do Parque de aproximadamente 12 pessoas.
Observei preocupação principalmente com as matrizes para não se perderem e com a dificuldade que poucas pessoas terão em manter os cuidados diários com o Viveiro.
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Logo na entrada pelo Portão 7 |
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Regando as mudas |
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Ceboleiro centenário reconhecido pelo enorme assoalho formado por suas raízes |
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Mudas de árvores e arbustos |
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Lindo Ipê |
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Jardim rupestre |
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Mudas de flores. Vista da Avenida ao fundo. |
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Mudas cobertas e protegidas |
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Estufins que são cobertos quando as mudas precisam. A velha caixa d'água está à esquerda |
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Vista a partir dos fundos da Estufa 6 |
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Mudas observadas por janela da estufa |
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Planta aquáticas |
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Mudas de suculentas |
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Estufa 5 - Germinadores |
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Mudas de Açaí |
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Muda de citronela |
São incontáveis as espécies de plantas nas estufas. Há boldo, citronela (na foto), sucupira, acerola, pimentas, lavanda, carqueja, salvínia, gota santa, jasmim, flor de Guarujá, manacá, antúrios ... sem contar os peixinhos!
No canteiro de plantas medicinais e a aromáticas, que também fornece mudas para jardins sensoriais, há cavalinha, hortelã, hortelã gigante, hortelã pimenta (que aroma!), alecrim.
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Mudas de ingá |
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Plantas medicinais.. Funcionários ao fundo |
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Carrinho elétrico leva funcionários
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Espero que este post ajude no conhecimento de um problema previsível e em breve voltarei para conhecer e contar a nova situação de cuidados do local, que é verdadeiramente uma beleza!